Vereadora Marielle Franco - Mário Vasconcellos / Câmara Municipal do Rio
Vereadora Marielle FrancoMário Vasconcellos / Câmara Municipal do Rio
Por O Dia

Rio - A Anistia Internacional realizou um ato, nesta quinta-feira, para marcar os 120 dias sem solução das mortes da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, crimes ocorridos após uma emboscada no Estácio, Região Central do Rio, em março deste ano. A mãe da parlamentar, Marinete Franco, participou da manifestação que cobra agilidade das autoridades para achar os responsáveis pelos assassinatos. Apesar da demora, ela disse que "precisa acreditar" que os assassinos serão presos.

"Eu tenho que acreditar que vai ser solucionado. Se eu deixar de acreditar na instituição que se comprometeu, que tem toda a tecnologia que eles disseram ter para aplicar nesse caso, preciso confiar", falou. "Não vão deixar o da minha filha impune, não por ser Marielle, mas porque todos têm direito. Eu preciso confiar na instituição, não posso pensar diferente."

Entretanto, após três meses passados dos assassinatos, ela disse que cada dia sem uma solução por parte das autoridades aumenta a sensação de impunidade. "Essa espera é muito ruim para a gente, dá a sensação que é só mais um. Não desmerecendo outros crimes. Como eu, outras mães também estão passando por isso. Mas minha filha foi executada, não foi vítima de bala perdida, não sofreu um acidente. Ela sofreu uma emboscada após sair de um trabalho, não estava brincando. E foi executada, brutalmente", criticou. 

No último sábado, a coluna Informe do Dia publicou uma entrevista com a mãe de Marielle Franco, na qual ela revelava sua angustia com a sensação de impunidade. "Estamos tristes com essa demora", afirmou ela. 

Diante da falta de solução e de informações sobre o assassinato de Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, a Anistia Internacional reivindica um mecanismo externo e independente para monitorar as investigações. "Após quatro meses sem solução, a credibilidade do sistema de Justiça criminal está em xeque", afirmou a diretora de pesquisa da entidade, Renata Neder. "Está claro que as instituições não têm credibilidade, eficácia, competência ou vontade de resolver o caso", afirmou.

Segundo a ONG, várias informações graves divulgadas pela imprensa seguem sem nenhum tipo de esclarecimento pelas autoridades: "que a munição utilizada pertenceria a um lote que teria sido vendido à Polícia Federal; que a arma empregada seria uma submetralhadora de uso restrito das forças de segurança; que submetralhadoras do mesmo modelo teriam desaparecido do arsenal da Polícia Civil; que câmeras de vídeo no local do assassinato teriam sido desligadas na véspera do crime."

 

Além disso, "a dinâmica da execução e a precisão dos tiros sugerem a participação de pessoas com treinamento específico e qualificado", segundo a nota da Anistia. "O silêncio e a confidencialidade que têm como objetivo garantir a eficácia da investigação não podem ser confundidos com o silêncio das autoridades diante da obrigação de esclarecer corretamente a execução de Marielle", afirmou a diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil, Jurema Werneck.

Renata Neder explicou que, embora a Câmara dos Deputados tenha criado uma comissão de acompanhamento das investigações e essa iniciativa seja positiva, o que a Anistia está propondo é uma comissão independente, que não faça parte do aparato estatal.

Com informações do Estadão Conteúdo

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