Moda idosos - Divulgação
Moda idososDivulgação
Por FRANCISCO EDSON ALVES

RIO - Aos 75 anos, Ivanize de Souza Falcão gasta pelo menos 40% do orçamento familiar com roupas, acessórios e produtos de beleza. "Sou vaidosa mesmo, só ando bem-arrumada. Digo ao meu marido (o militar da reserva José Ataliba, com quem é casada há 49 anos) que é para ele relaxar. É melhor gastar dinheiro assim que com remédios", justifica bem-humorada.

Os brasileiros estão envelhecendo em 2060, segundo o IBGE, os idosos representarão um quarto da população com mais de 65 anos , mas, ao mesmo tempo, também ficam mais exigentes no mercado da moda. Sobretudo as mulheres, como dona Ivanize.

Dados do Banco Mundial revelam que a terceira idade já injeta R$ 28,5 bilhões na economia brasileira. Mas estudos de várias instituições, como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), por exemplo, alertam que o mercado ainda não está preparado para atender bem essa faixa etária, em relação à produção e venda de vestuário.

"Nem sempre encontro uma peça com as características que imagino. É preciso rodar muitas lojas", confessa Ivanize. Maria Eunice Pereira Rodrigues, de 61 anos, faz coro. "Eu queria ter mais opções de escolhas. Não economizo quando encontro um belo vestido", conta Maria Eunice, ao lado do marido, o chefe de cozinha aposentado José Teixeira Rodrigues, de 66.

O último Relatório de Inteligência do Sebrae alerta que, diferente do passado, os idosos hoje têm vida mais ativa. Passeiam, vão a bailes, restaurantes, praticam atividades físicas regularmente e frequentam centros sociais, onde dançam e planejam viagens. E sempre antenados com a moda.

No estudo 'Idoso, moda e sedentarismo: possíveis relações', os autores Murilo Cabral Gomes e Silvia Agatti Lüdorf destacam algumas características que as roupas feitas para a terceira idade deveriam ter. "Precisam ser mais fáceis de colocar e retirar; não podem conter tecidos soltos ou pregas que possam enroscar em objetos pelo caminho ou fazer ou idoso tropeçar; blusas devem ter botões no lugar de malhas (para evitar levantamentos de braços); calças e vestidos com tecidos mais leves, alegres e largos no corpo, para facilitar a troca e a movimentação; além de maior efeito térmico nos trajes de inverno".

"Com tantas alterações decorrentes do envelhecimento, a moda representa algo muito mais importante para os idosos do que meramente a escolha de roupas. Deveria receber mais atenção. Uma roupa adequada representa ganhos não só na qualidade de vida do idoso, mas na sua representação na sociedade e autoestima", salienta o estudo.

Terceira idade reclama da falta de opções
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O novo nicho no mercado é promissor, já que o público idoso tende a ser cada vez mais exigente. Conforme especialistas, as confecções devem estar atentas ao design e ao caimento das peças.
"Ou seja, não basta que a roupa tenha só tecidos especiais, é preciso que sejam bonitas, estilosas", ressalta Juliana Zanettini, consultora de tendências e consumo, no estudo do Sebrae.
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Pesquisa acadêmica citada no relatório revela que 73% dos idosos estão insatisfeitos com o varejo de roupas, classificado por eles como regular, apenas.
"A terceira idade não quer mais ser só vovô e vovó. Quer diversão, arte e tudo o mais que a vida puder oferecer", diz a geriatra Yara Dantas.
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A dermatologista Patrícia Breder ressalta a importância de roupas com proteção ultravioleta. "O sol é importante, sobretudo como fonte de vitamina D, mas em excesso é um perigo para os mais velhos", adverte.
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