Alunas colaram cartaz em uma unidade da escola  - Reprodução Internet
Alunas colaram cartaz em uma unidade da escola Reprodução Internet
Por Luana Benedito e *Luana Dandara

Rio - Um grupo de estudantes e ex-alunas da rede de escolas Pensi usaram as redes sociais, nesta sexta-feira, para relatar supostos assédios que teriam sido cometidos por alguns professores da instituição. O assunto, que ganhou a hashtag #AssédioÉHábitoNoPensi, já é um dos mais comentados no Twitter. Até as 19h, o tema já tinha mais de 45 mil tweets. O colégio, que tem unidades nas zonas Norte, Sul e Oeste do Rio, além das regiões Metropolitana e Serrana do estado, criou um Comitê de Ética para apurar os fatos.

Ao DIA, uma ex-funcionária, que não quis ser identificada, conta que já foi assediada por um professor no período em que trabalhou em uma filial da escola.

"Acontece há muito tempo e não só com alunas do Ensino Médio; eles assediam até alunas do Ensino Fundamental. E esses mesmos professores assediam professoras", revela.

"Eles acham graça e comentam entre si", completa. Ela diz que nunca denunciou por medo e acredita que as estudantes também não fizeram antes por causa da relação de poder existente entre professores e estudantes. "Até já soube de quem denunciou, mas a escola abafou."

A estudante de História Anne Consentino, de 18 anos, formou-se em 2017 no Pensi, na unidade de Madureira, na Zona Norte. Segundo um post da jovem no Twitter, ao escrever uma denúncia para a coordenadora do colégio, a educadora falou "isso é uma coisa muito séria pra você sair inventando por aí". Ao DIA, a ex-aluna explicou que um professor foi acusado de assediar uma de suas amigas.

"Ele mandou mensagem comentando um vídeo dela dançando, postado nas redes sociais. Disse que viu o vídeo umas 70 vezes e que queria que ela estivesse lá. Ela era menor de idade", conta.

A jovem também fala que o mesmo docente fazia piadas na sala de aula com meninas e que teria sido visto em um motel com uma aluna. "Fiquei surpresa quando a hashtag repercutiu. Sempre foi um assunto escondido no Pensi, nenhuma mobilização tinha sido feita até agora."

Os relatos de assédio teriam sido incentivados por uma professora da instituição. Segundo os alunos, a educadora teria sido afastada por causa das denúncias. "Ela nos incentivava a denunciar casos de assédio, tinha uma postura muito defensiva, oferecia suporte a quem a procurava", defende Anne. 

Procurada pelo DIA, a escola nega o afastamento da docente. "A professora continua na equipe do Colégio Pensi. Por motivos de saúde ela entrou em acordo com a direção e está afastada de sala de aula, mas continua trabalhando, fazendo parte da equipe, no setor administrativo, na unidade Madureira", afirma a instituição. O DIA tentou contato com a professora, que não quis comentar o caso.

Alunas denunciam assédio em redes sociais - Reprodução Twitter

Em nota o Pensi, informou que repudia qualquer tipo de assédio e discriminação. A instituição disse ainda que está apurando os fatos internamente para tomar todas as medidas necessárias. 

 

No Twitter, uma estudante da escola compartilhou um áudio atribuído a um professor da rede. "Linda, linda. E eu tô encantado, encantado. Qualquer coisa que você quiser fazer,eu quero. Se você quiser escrever a qualquer momento eu vou adorar. Qualquer coisa me chama, tá? (...) (...) Aquilo que eu não consigo segurar e começo a fazer do nada. Só abusando de você, tadinha", diz um homem na mensagem.

Confira a nota do Pensi na íntegra 

"Em relação às denúncias relatadas nas unidades do Pensi, a rede esclarece que repudia qualquer tipo de assédio e discriminação. A instituição informa que está apurando internamente as denúncias e que ações firmes já foram tomadas:

·Criação e divulgação do Canal Confidencial Pensi (helloethics.com/pensi) para relatos de assédio e discriminação, que ficará a cargo de uma empresa externa especializada em situações com esse tipo de gravidade para relatos anônimos;

·Formação de um Comitê de Ética, incluindo agentes externos e composto em sua maioria por mulheres, já que os relatos envolvem majoritariamente alunas;

·Tal comitê será responsável pela imediata apuração dos fatos e ações rigorosas para banir casos de assédio e discriminação serão tomadas. Toda denúncia será avaliada individualmente pelo comitê que, após escutar todas as partes, tomará as atitudes necessárias, que podem ter como consequências desde advertência até demissão;

·Intensificação da divulgação do Código de Ética em vigor, que será debatido em profundidade com colaboradores das unidades, assegurando que nenhuma conduta irregular será tolerada;

·Intensificação dos treinamentos relacionados às questões éticas, com foco especial na temática assédio e discriminação, ressaltando a intolerância a situações dessa natureza;

·Intensificação dos atendimentos já existentes nas unidades dedicados ao acolhimento de alunos e responsáveis, com o apoio de psicólogos externos.

O Pensi reafirma que trabalha diariamente em suas unidades e salas de aula o respeito em qualquer nível de relação e que tais condutas não refletem nem a cultura da escola tampouco representam o corpo docente. A situação está sendo tratada com a devida responsabilidade e seriedade para que casos dessa magnitude sejam banidos do ambiente escolar. A direção está disposta a liderar a discussão com a sociedade".

Estagiária sob supervisão de Ricardo Calazans 

 

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