Construção iniciou em 2010 e seria concluída em 2012, mas sofreu sucessivos atrasos e foi suspensa em setembro de 2016 - Divulgação / MIS-RJ
Construção iniciou em 2010 e seria concluída em 2012, mas sofreu sucessivos atrasos e foi suspensa em setembro de 2016Divulgação / MIS-RJ
Por O Dia

O Ministério da Cultura (MinC) anunciou hoje (23) que serão retomadas as obras da nova sede do Museu da Imagem e do Som (MIS) do Rio de Janeiro, na Avenida Atlântica, em Copacabana. Segundo a pasta, a ideia é que o edifício seja inaugurado no ano que vem. A construção teve início em 2010 e, segundo o cronograma inicial, seria concluída em 2012, mas sofreu sucessivos atrasos e foi suspensa em setembro de 2016.

Vinculado à Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, o MIS tem um rico acervo com mais de 300 mil itens, incluindo fotografias, filmes, partituras, discos, fitas de áudio, livros e objetos. O projeto de uma nova sede, na orla da Praia de Copacabana, foi desenvolvido em parceria com a Fundação Roberto Marinho e contou com o aporte de recursos públicos e de patrocinadores privados. Segundo o MinC, cerca de R$ 70 milhões já foram destinados pelo governo federal por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Além disso, há recursos obtidos por meio do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), criado pelo Ministério do Turismo e financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Em junho de 2014, o governo estadual anunciou que cerca de 70% do edifício já estavam concluídos e previa a entrega para dezembro do mesmo ano. No entanto, a estimativa não se concretizou. A obra parou, houve rescisão do contrato com a empreiteira responsável e a realização de uma nova licitação enfrentava restrições impostas pelo "estado de calamidade financeira", decretado pelo governo do estado em 2016 em decorrência da crise econômica.

A situação também se complicou porque o contrato de financiamento firmado com o BID terminou em agosto de 2017 e a assinatura de um aditivo para renová-lo dependia de autorização da Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex) do Ministério do Planejamento, o que não foi concedido em decorrência da situação das contas estaduais. O Rio de Janeiro já havia, na ocasião, aderido ao Regime de Recuperação Fiscal proposto pelo governo federal. A medida permitiu que estados com problemas de caixa suspendessem por três anos o pagamento da dívida com a União, desde que atendessem a determinadas contrapartidas.

Ontem (22), finalmente houve o aval do Cofiex para que o aditivo seja assinado, prorrogando o financiamento até junho de 2020 e destravando assim US$ 20,8 milhões de dólares do financiamento do banco. "Só após intensa negociação com a Secretaria do Tesouro Nacional, o estado do Rio e o BID, com a implementação do Regime de Recuperação Fiscal, foi possível obter um cenário positivo para a aprovação", informou em nota o Ministério do Planejamento.

De acordo com o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, o destravamento dos recursos foi resultado de uma grande articulação envolvendo órgãos do governo federal e do governo estadual, o BID e representantes da Fundação Roberto Marinho. Segundo ele, o acordo representa uma vitória para a cultura e para o estado do Rio de Janeiro. "Estamos falando de uma instituição importante para a memória audiovisual de uma cidade tão rica em termos de expressões culturais e artísticas. O novo MIS será um emblema da recuperação econômica do Rio", disse o ministro

A nova sede terá 9,8 mil metros quadrados de área, divididos em oito pavimentos. Haverá espaços destinados à pesquisa, salas para atividades educativas, um centro de documentação, um cine-teatro-auditório de 280 lugares, loja, cafeteria, restaurante panorâmico, boate e um mirante com cinema ao ar livre. Concebido como um boulevard vertical, o projeto arquitetônico buscou inspiração na paisagem carioca e nas curvas do calçadão de Copacabana. O edifício foi planejado de forma que possibilite um novo tratamento ao imenso acervo, a partir de uma linguagem museográfica contemporânea.

O edital de licitação para a contratação de uma nova empreiteira deverá agora passar pela apreciação do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ). Conforme anunciou o governo do Rio de Janeiro, a expectativa é que seja avaliado pela corte em aproximadamente 30 dias. "Assim que reiniciada a intervenção, a previsão é de 12 meses para realização das obras físicas e seis meses para implantação do museu e sua abertura ao público", diz nota divulgada pelo estado.

Origem

Pioneiro no país, o MIS do Rio surgiu em 1965 e se tornou um ponto de encontro das vanguardas culturais cariocas. Com o tempo, a ideia de um museu audiovisual foi se consolidando e o espaço foi também se qualificando como um centro de documentação de música e imagem, inspirando iniciativas similares em outras cidades brasileiras. Atualmente, o MIS ocupa dois endereços na região central da capital fluminense: o prédio original, na Praça XV, e outro edifício, na Lapa. 

Entre os itens do acervo, destacam-se mais de mil depoimentos e mais de 4 mil horas de gravação abrangendo os mais diversos segmentos da cultura. Há também vasto material de arquivo da Rádio Nacional do Rio de Janeiro e coleções que reúnem raridades de diversos artistas, como Carmen Miranda, Jacob do Bandolim e Dorival Caymmi. Além de guardar todo este material, organizá-lo para exposições e disponibilizá-lo para pesquisa, o MIS também produz conteúdos que construam uma conexão entre passado, presente e futuro. O museu, conforme consta em sua página eletrônica, "registra e preserva a memória, fazendo uso de tecnologias disponíveis em cada época".

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