A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) foi autorizada pelo general Braga Netto, no âmbito da intervenção federal no Rio - Divulgação / GIFRJ
A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) foi autorizada pelo general Braga Netto, no âmbito da intervenção federal no RioDivulgação / GIFRJ
Por O Dia

Rio - O general Walter Braga Netto, interventor no Rio, criou ontem uma delegacia para investigar crimes raciais e de intolerância religiosa no estado, a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). O projeto, de autoria do deputado estadual Átila Nunes, tem como objetivo combater crimes praticados contra pessoas, entidades e patrimônios públicos ou privados.

Segundo a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), o Estado do Rio registrou aumento de 56% no número de casos de intolerância religiosa em comparação aos quatros primeiros meses de 2017. "Com a Decradi, toda vítima de intolerância terá a sua queixa registrada com a tipificação penal adequada", afirmou Átila.

O Rio concentra mais da metade das ocorrências de intolerância, seguido por Nova Iguaçu, com 12,5%, e Duque de Caxias, com 5,3%, conforme dados da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos. A depredação de lugares e imagens é o maior tipo de violência praticada, atingindo 20%, seguido por difamação com 10,8%.

A Decradi será criada sem aumento de despesas para a Polícia Civil. Para o babalaô Ivanir dos Santos, interlocutor da CCIR, a delegacia vai tratar crimes antes negligenciados.

A antropóloga Rosiane Rodrigues, da UFF, reforça que a conscientização da população também é essencial. "Enquanto a sociedade brasileira não entender que intolerância religiosa é um crime de ódio, a gente não vai ter uma solução, os crimes não irão diminuir e nem há garantia de que essas ações vão ser julgadas pelo sistema jurídico", afirma.

Segundo Marcio de Jagum, da Coordenadoria de Defesa e Promoção da Liberdade Religiosa, o aumento dos casos podem ter duas motivações: a conscientização da sociedade, que já não banaliza mais os casos de intolerância, e a credibilidade do órgão em lidar com essas situações. Disque Preconceito: (21) 2334-9550.

Você pode gostar
Comentários