Sérgio Côrtes - Luciano Belford
Sérgio CôrtesLuciano Belford
Por O Dia

Rio - Em desdobramento da Lava Jato do Rio de Janeiro, o ex-secretário de Saúde do governo Sérgio Cabral, Sérgio Côrtes, foi preso na manhã desta sexta-feira preventivamente em sua casa, na Lagoa. A Operação S.O.S. do Ministério Público Federal com a Polícia Federal e a Receita Federal mira fraudes em Organizações Sociais (OSs) e cumpre 21 mandados no Rio e em São Paulo. 

Nessa fase das investigações, foi possível estimar que os contratos fraudados permitiram o desvio de cerca de R$ 74 milhões dos cofres públicos. Côrtes já havia sido preso em outra fase da Operação Lava Jato e estava solto desde fevereiro por ordem do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.

A polícia também cumpre mandado de prisão preventiva contra o empresário Miguel Iskin. A Polícia Federal está na sua casa desde às 6 horas da manhã.

Ele é acusado de ter abastecido o ex-governador Sérgio Cabral e o ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes. No último dia 14, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, havia aceitado denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra Côrtes, por crimes de participação em organização criminosa, fraude e corrupção ligados ao Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into).

Foi decretada ainda a prisão preventiva de outros investigados, entre eles, Gustavo Estellita.

Desta vez, a investigação se dá na contratação da OS Pró-Saúde, que administrou vários hospitais do Estado a partir de 2013, como os Getúlio Vargas, Albert Schweitzer, Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, e no Alberto Torres, em São Gonçalo. Hoje esta OS é responsável pela administração do Hospital Getúlio Vargas e do Instituto Estadual do Cérebro. 

As investigações apontam que Miguel Iskin tinha influência tanto sobre o orçamento e a liberação de recursos pela Secretaria de Saúde quanto sobre as contratações pela Pró-Saúde, indicando empresas e fornecendo toda a documentação necessária, como cotações de preços e propostas fraudadas, para instruir o procedimento de contratação. Em contrapartida, segundo a Procuradoria da República, Miguel Iskin cobrava a devolução de 10% sobre o valor dos contratos dos fornecedores da organização social, distribuídos entre os demais membros da organização criminosa, como Sérgio Cortês e Gustavo Estellita.

"Essa nova fase das investigações comprova que os empresários controlavam a destinação dada aos recursos públicos repassados às organizações sociais que administravam hospitais estaduais, desviando tais verbas em benefício próprio e de terceiros, contando com a atuação de gestores da organização social e de diversos funcionários públicos da Secretaria de Saúde para que a empreitada criminosa fosse concretizada", afirmam os procuradores da República membros da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro.

A Pró-Saúde é uma organização com sede em São Paulo e os contratos com o Rio de Janeiro chegaram a representar 50% do faturamento nacional da entidade, que saltou de R$ 750 milhões em 2013 para R$ 1,5 bilhão em 2015.

Além do esquema com Miguel Iskin e Sérgio Cortês, as investigações também revelam que três ex-gestores da Pró-Saúde, Ricardo Brasil, Manoel Brasil e Paulo Câmara, firmaram contratos da entidade com a empresa Aditus Consultoria, do qual eram sócios, obtendo vantagens indevidas no valor de R$ 30 milhões entre os anos de 2012 e 2014.

Os mandados de prisão são contra Sérgio Cortês, Miguel Iskin, Gustavo Estellita, Marco Antônio Guimarães, Marcus Vinícius Guimarães, Ana Luiza Carlier, João Severiano da Fonseca Hermes, Jorge Ronaldo Moll, Odir Mendes Filho, Pedro Iskin, Alexandre Simões, Leonardo Dallalana, Naírio dos Santos, Ricardo Brasil, Manoel Brasil, Paulo Roberto Camara, Ronaldo Pasquarelli, Carlos Alberto Giraldes, Fabio Augusto Riberi, Ana Lucia Mandacaru Lobo e Leandro Cesar da Silva.

Também foi determinada a intimação do ex-secretário de Saúde Luiz Antonio Teixeira para prestar esclarecimentos, tendo em vista os indícios de que, mesmo afastado da secretaria, continuou com influência sobre as transferências de recursos públicos para a organização social, vinculando-as à obrigação de a entidade pagar determinados fornecedores, em detrimento de outras despesas prioritárias na gestão dos hospitais que a OS administra.

Para garantia do ressarcimento dos danos, foi determinada a indisponibilidade de bens e valores dos investigados e empresas envolvidas no montante de até R$ 149,3 milhões. A ação é desdobramento das operações Fratura Exposta e Ressonância e é a terceira fase da Lava Jato no Rio sobre esquemas criminosos na área da Saúde.

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