Sistema de radar pode reduzir impactos na Baía de Guanabara - Agência Brasil
Sistema de radar pode reduzir impactos na Baía de GuanabaraAgência Brasil
Por Agência Brasil

Rio - Pesquisadores do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) e da Universidade Federal Fluminense (UFF) apresentaram, nesta quarta-feira, um sistema desenvolvido em parceria que pode contribuir para reduzir os impactos na Baía de Guanabara. O sistema utiliza dados coletados por radar marítimo com frequência de Banda X, usada em grandes navios. Participaram da apresentação representantes da Marinha, órgãos ambientais, universidades e empresas privadas.

O coordenador da pesquisa, meteorologista Fábio Hochleitner, do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia (Lamce) da Coppe, disse à Agência Brasil que, por meio da solução de modelos matemáticos e computação de alto desempenho, são gerados parâmetros baseados em informações de um radar de Banda X. “A partir desse modelo matemático, os pesquisadores podem obter parâmetros físicos e ambientais, seja da superfície do mar, seja detecção de lixo e uma série de outros conhecimentos”.

Projeto-piloto

A Baía de Guanabara vai servir como projeto-piloto para que os pesquisadores da UFRJ e da UFF possam fazer experiências e ver a demanda pelas soluções por parte dos interessados em resolver problemas da região em áreas de logística, transporte, poluição e contaminação das águas. “A gente resolveu criar esse projeto-piloto olhando para a baía, visando criar conhecimento dessa região, além de um sistema integrado que possa gerar informações que deem subsídio para uma série de aplicações”.

Entre elas, o pesquisador da Coppe destacou o monitoramento de tráfego de embarcações, trajetória e acúmulo de lixo, cálculo de ondas e correntes, dispersão de vazamentos de óleo e direção da maré e da circulação marinha. Outra finalidade pode ser a geração de energia. “Pode servir como embasamento para usinas de geração eólica instaladas na própria baía ou até mesmo equipamentos que geram energia por ondas”.

Hochleitner disse que o sistema de tecnologia de radar Banda X pode auxiliar o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara para fazer uma otimização do recolhimento ou da mitigação dos impactos do lixo ali depositados.

Demandas

Os testes do sistema já foram iniciados. Agora, a ideia é ouvir as demandas dos setores público e privado para ver as aplicações que são do interesse dos usuários da baía. Os pesquisadores querem dar continuidade às pesquisas e ao desenvolvimento de soluções inovadoras e estão abertos para possíveis parcerias com órgãos públicos e a indústria privada. Apesar de terem descoberto várias aplicações para o sistema de radar, o objetivo dos pesquisadores é ver no que as empresas têm interesse comercial, ou seja, na aplicação prática das soluções.

“A gente quer que a pesquisa da academia chegue ao setor privado e às empresas públicas, como um retorno à sociedade e, ao mesmo tempo, que eles fomentem o próprio desenvolvimento do sistema. Há uma sinergia, onde todos se beneficiam”. Hochleitner disse que seria possível contratar pessoas para trabalhar nos laboratórios, como estudantes de mestrado, doutorado e pós-doutorado, aos quais seriam concedidas bolsas remuneradas. “Você consegue fechar um ciclo de benefícios para todos”.

Alerta

O coordenador disse que o sistema pode ter outra aplicação em desenvolvimento, que é o uso das informações obtidas pelo equipamento para a detecção de chuvas intensas, que funcionaria como alerta antecipado para a população. “É possível utilizar esse equipamento para previsões de curtíssimo prazo de eventos extremos, como grandes tempestades, e servir de aviso à população, com alerta de algumas horas”.

Pelas características do equipamento, será possível criar uma rede de radares desse tipo para ajudar no monitoramento dessas informações. O radar está localizado no Instituto de Geociências da UFF, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro, mas permite seu controle de maneira remota pelos pesquisadores da Coppe/UFRJ na capital fluminense.

Você pode gostar