O crânio ficava armazenado em uma caixa de metal, que também foi encontrada parcialmente destruída após incêndio do Museu Nacional - Estefan Radovicz/ Agência O Dia
O crânio ficava armazenado em uma caixa de metal, que também foi encontrada parcialmente destruída após incêndio do Museu NacionalEstefan Radovicz/ Agência O Dia
Por RAFAEL NASCIMENTO

Pesquisadores que atualmente trabalham nos escombros do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, na Zona Norte, já encontraram parte da ossada do crânio de Luzia, considerado o fóssil humano mais antigo das Américas. O anúncio da descoberta foi feito ontem pela direção da instituição.

"Por conta do fogo, ela sofreu algumas avarias, mas estamos otimistas, não só pelo museu, como também por Pedro Leopoldo (cidade mineira onde o crânio foi descoberto, em 1970) e pelo Brasil", exaltou a professora Claudia Rodrigues, responsável pela equipe de salvamento.

Segundo ela, o crânio foi encontrado em fragmentos e os pesquisadores agora vão trabalhar na sua reconstrução. Em um primeiro momento, porém, vai ser necessária uma avaliação da extensão dos danos. "Não há previsão, pois precisamos saber quais pesquisas vamos utilizar. Temos 80% do crânio identificado e achamos que podemos chegar a muito mais", avisou Claudia.

O crânio de Luzia foi encontrado na década de 1970 na cidade de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, por uma missão francesa liderada pela arqueóloga Annette Laming-Emperaire. O achado representou uma revolução nos estudos sobre o povoamento das Américas. Luzia apresenta uma datação entre 11 mil e 11,5 mil anos, o que faz dele o mais antigo do Brasil e também de todo o continente americano.

VERBAS

O Museu Nacional já conseguiu verba de R$ 8,9 milhões do Ministério da Educação. De acordo com Alexander Kellner, diretor da instituição, o dinheiro será usado no escoramento das paredes e na proteção das pessoas que vão fazer a retirada dos materiais que sobraram do incêndio ocorrido no dia 2 de setembro. "Ainda não iniciamos as atividades de salvamento. Na medida que fazemos o escoramento é que temos encontrado alguns materiais", contou.

Conforme o diretor, o trabalho de reconstrução do crânio não será um processo rápido, uma vez que será preciso ter um novo laboratório. "Precisamos remontar o laboratório, que deverá custar R$ 10 milhões", acredita Kellner.

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