Rio - Um corpo foi abandonado dentro de um carro roubado, no início da tarde desta sexta-feira, em frente à Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no Centro do Rio. A vítima foi identificada como Maurício Venâncio, de 54 anos.
Segundo informações do delegado Giniton Lages, o carro foi estacionado por um homem, que abandonou, no banco do carona, o cadáver da vítima. Maurício Venâncio tinha dez anotações criminais, entre elas homicídio, latrocínio, e receptação. A ocorrência foi registrada às 14 horas desta sexta-feira na 4ªDP (Praça da República). Em seguida, foi encaminhada para a Delegacia de Homicídios (DH) da Barra.
O caso ocorreu durante uma "Aula Pública contra o Fascismo", organizada pelo Centro Acadêmico e o Diretório Central dos Estudantes da universidade. Segundo o Centro Acadêmico da Faculdade, a vítima não era da faculdade.
Em foto publicada pelo Instagram do Centro Acadêmico é possível observar a aula sendo acompanhada por estudantes na calçada em frente à universidade e o carro com o óbito cercado de agentes do Centro Presente na parte superior esquerda da imagem.
Segundo um dos diretores do Centro Acadêmico, o Sandero Branco com marca de tiro foi abandonado com um morto em frente ao prédio, que fica na Rua Moncorvo Filho, próxima ao Campo de Santana. Imagens registradas por estudantes mostram agentes da Polícia Militar e do Centro Presente no local.
Em nota, o Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (CACO) disse que o morto não fazia parte do 'corpo social da FND'. "Pedimos que todos mantenham a calma".
O DCE da universidade divulgou nota manifestando 'enorme preocupação' e se posicionando contra todo tipo de violência. O DCE Mário Prata informou que não sabe da motivação do crime e que aguarda a investigação. "Durante a aula pública na Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, estudantes e professores estavam reunidos quando perceberam a movimentação da Polícia Militar em torno de um carro parado em frente a faculdade. Fomos informados de que se tratava de um corpo baleado dentro do carro e imediatamente movemos a aula para dentro da Faculdade em segurança", diz a nota.
A Polícia Militar informou que agentes do 5º BPM (Harmonia) em patrulhamento foram acionados pela guarnição do Centro Presente informando que um corpo estaria dentro de um carro, marca Renault, próximo a produto de roubo na área da 20ªDP, próximo à Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O Corpo de Bombeiros constatou óbito e a PM está preservando o local até a chegada da Delegacia de Homicídios.
A Polícia Civil informou que a Delegacia de Homicídios da capital (DH-CAPITAL) instaurou inquérito policial para apurar as circunstâncias da morte de Maurício Venancio. Equipes da DH-CAPITAL realizam diligências em busca de testemunhas e imagens que possam ajudar nas investigações. A perícia é feita no local. As investigações estão em andamento.
Incidente ocorre em meio à aula pública antifascismo
A cena do crime nesta sexta-feira em frente à FND ocorreu em meio a atos por diversas universidades brasileiras contra o fascismo. A incursão de policiais e fiscais da Justiça Eleitoral tem sido consideradas arbitrárias por professores e estudantes. Nas últimas 48 horas, foram 17 intervenções em nove Estados. O que levou ministros do Supremo Tribunal Federal, como o ministro Gilmar Mendes a pedir cautela dos TREs.
Nesta quinta-feira, uma equipe do TRE compareceu à Faculdade Nacional de Direito da UFRJ para fotografar uma faixa com os escritos “CACO PELA DEMOCRACIA - DITADURA NUNCA MAIS - 102 ANOS DE RESISTÊNCIA”, estendida pelo Centro Acadêmico Cândido de Oliveira. Os fiscais não tinham mandado, mas, segundo o estudantes, prometeram retornar com uma ordem judicial para retirá-la.
Em nota divulgada, o Centro Acadêmico solicitou auxílio jurídico a ex-alunos advogados para ajuizamento de um Mandado de Segurança Preventivo. O MS foi distribuído na manhã do dia 26 de outubro, junto à presidência do TRE-RJ, afim de evitar que a faixa seja retirada. Dias antes, a Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense teve uma faixa removida por decisão do TRE-RJ, o que foi considerada uma ação arbitrária por alunos e professores. A faixa não ostenta qualquer símbolo partidário e nem faz referência a qualquer candidato em disputa eleitoral, seja no âmbito estadual seja no âmbito federal.
