Rio - O Sindicato do Servidores do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro (Sindjustiça RJ) promoveu manifestação com bolo, a partir do meio-dia, em frente à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), no Centro, para comemorar a prisão de Luiz Fernando Pezão. O governador foi preso pela Polícia Federal no Palácio Laranjeiras, na Zona Sul, na manhã desta quinta-feira.
Organizador do ato, Ramon Carrera explica que a prisão de Pezão diz muito sobre os problemas financeiros que os servidores públicos do estado sofreram nos últimos anos.
"Isso tudo (prisão) explica tudo que acontece no estado. É o encerramento de um ciclo, e a gente acredita que se tiver mais investigações, mais gente será presa (...) Ele não queria dar um abraço no Cabral? Agora vai poder", disse, fazendo alusão a uma entrevista concedida pelo governador ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada no dia 30 de outubro.
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"A prisão do Pezão representa o que a gente denuncia desde 2015. Não é normal servidor ficar sem dinheiro pra comprar remédio (...) Tem muita coisa errada. Para onde vai o dinheiro da corrupção? É onde falta dinheiro para aplicar no estado. Difícil vai ser ver o dinheiro de volta", afirmou Ramon.
Alerj se posiciona sobre prisão de Pezão
Em nota, a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), através de seu presidente em exercício André Ceciliano (PT), disse que "lamenta toda essa situação" e que defende todas as investigações da Lava Jato.
"Lamentável toda essa situação, num momento em que somamos esforços na Assembleia Legislativa do Rio para ajudar o Estado a sair da crise financeira. Defendo as investigações da Lava Jato, bem como o direito à ampla defesa dos investigados", diz o texto.
"Vamos continuar trabalhando, especialmente neste momento em que votamos questões importantes, como a prorrogação do Estado de Calamidade nas finanças, do Fundo de Combate à Pobreza, os vetos a projetos de lei e o orçamento do ano que vem. A Alerj prosseguirá com a pauta de votações de medidas importantes para o futuro do Rio e do povo fluminense", conclui.
O governador foi preso pela Polícia Federal (PF) na operação "Boca de Lobo", desdobramento das ações da Lava Jato no Rio, recebeu mais de R$ 25 milhões em propina entre os anos de 2007 e 2014, período em que foi secretário de Obras e vice-governador de Sérgio Cabral. E mais: a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, destacou na petição em que pede a prisão do governador do Rio e mais oito pessoas ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que ele substituiu Cabral no esquema criminoso e tinha operadores financeiros próprios.
A operação é resultado de delação premiada de Carlos Miranda, apontado como o operador da quadrilha chefiada por Cabral, com base em diversos documentos que comprovam que Pezão recebeu propina por oito anos. De acordo com Miranda, Pezão recebia ilegalmente uma mesada de R$ 150 mil quando era vice-governador e teria recebido dois prêmios no valor de R$ 1 milhão e um terceiro de R$ 300 mil para fazer obras em sua casa, em Barra do Piraí, no Sul Fluminense.
André Ceciliano assumiu interinamente a Alerj após a prisão de Picciani, já que o vice-presidente da Casa, Wagner Montes, que vem renovando a licença médica a cada 30 dias. Portanto, caso fosse necessário, Ceciliano não poderá assumir o Governo do Estado em caso de ausência do governador em exercício, Francisco Dornelles, vice de Pezão.