Delegado toma posse como secretário estadual da Polícia Civil - Divulgação Governo RJ
Delegado toma posse como secretário estadual da Polícia CivilDivulgação Governo RJ
Por RAFAEL NASCIMENTO

Rio - O delegado da Polícia Civil Marcus Vinícius Braga tomou posse na tarde desta quinta-feira como secretário estadual da instituição. O policial deixou o comando do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE) e substitui Rivaldo Barbosa no comando da Civil. Durante a cerimônia, que aconteceu na Cidade da Polícia, no Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, o governador Wilson Witzel declarou que o Rio precisa ter a própria prisão de Guantánamo – prisão militar localizada em Cuba, onde os Estados Unidos mantêm presos acusados de terrorismo. 

No discurso de Guantánamo, Witzel pediu mudanças (na legislação) — à deputados que estavam na plateia — como classificar traficantes como terroristas. O governador disse que é preciso mais rigor no código penal, como aumento do tempo máximo de prisão. "Aumentar o limite de 30 para 50 anos, aumentar o regime integralmente fechado por toda a pena, sem visitas, estabelecimentos prisionais fechados, longe da civilização. Nós precisamos ter o nosso Guantánamo. É preciso colocar os terroristas em locais que a sociedade se livre definitivamente deles".

"Eles estão sambando na nossa cara, estão nos desafiando. Não podemos fazer disso uma guerra. Temos que fazer segurança pública. Mas esse que leva o fuzil é o elo mais fraco de corrente. Por isso vamos investigar o elo mais forte, que é quem coloca o fuzil, quem dá o dinheiro. Esses que estão de fuzil na mão nas comunidades são terroristas, e como terroristas devem ser tratados. A lei antiterrorismo pode dar penas de 50 anos, em estabelecimentos prisionais destacados, longe da civilização", finalizou o governador.

Para Marcus Braga, a nova missão é colaborar para um Rio mais seguro. "Hoje me vejo alçado à posição de secretário da Polícia Civil com a responsabilidade de alinhar e realizar novas estratégias para colaborar para o Rio de Janeiro ser um lugar mais seguro. E eu não tenho dúvida de que nós vamos conseguir", disse.

Ao DIA, o agora ex-chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, disse que vai descansar. Barbosa, que não terá cargo na instituição e deverá tirar o ano sabático, deixa a instituição com a imagem extremamente desgastada por não conseguir elucidar quem mandou matar e quem matou a vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista Anderson Gomes, em 14 de março do ano passado.

"Nas minhas investigações não tolerei injustiça e nunca inverti a ordem constitucional, só depois apresentei para a sociedade. Não vão sepultar a minha reputação. A secretaria de inteligência da Polícia Civil e a Draco vão voltar para onde nunca deveriam ter saído", acrescentou o ex-chefe da Civil.

Na transferência de cargo, Rivaldo ainda disse que "a partir de agora a Polícia Civil terá o seu papel resgatado com a criação da nova secretaria". Segundo ele, a chefia da Polícia Civil foi seu maior desafio (ficando sem recurso), mas nem por isso deixou de trabalhar. "Deixamos um legado simples, mas um legado", finalizou.

Combate a corrução

A partir de agora a Polícia Civil vai se dedicar a identificar criminosos que lavam dinheiro em benefício do tráfico de drogas. Com nome de Departamento-Geral de Investigação à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DGICCORLD), a estrutura deverá já ter início neste mês. Ainda não se sabe quem será o diretor da especializada que terá 10 delegados e 80 agentes que serão escolhidos a dedos pelo novo secretário. O que já se sabe é que agentes da Polícia Federal participarão do núcleo — que será abrigado na Chefia da Polícia Civil, na Lapa.

Segundo fontes da Polícia Civil, o Departamento-Geral de Investigação à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro irá expandir a estrutura já utilizada pelo laboratório de lavagem de dinheiro, da Delegacia Fazendária. A princípio, serão seis núcleos no departamento, um deles contra crimes na administração pública e outro contra crimes de colarinho branco. Os crimes praticados por traficantes e milicianos terão outro núcleo exclusivo dentro da estrutura do departamento.

Caso Marielle

Sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista Anderson Gomes, Rivaldo disse que "será solucionado e que a investigação policial falará por si só"; já o atual chefe, Marcus Vinícius Braga, confirmou que já esteve em reunião com o delegado Giniton Lages e afirmou que o mesmo não será trocado. "Não vou dizer quando, mas vamos dar uma resposta".  

Quem é o novo secretário da Polícia Civil

Marcus Vinícius Braga entrou na corporação em 2002 como inspetor de polícia. No ano seguinte tomou posse como delegado e atuou nas delegacias de Santa Cruz (36ª DP) e de Bonsucesso (21ª DP). No mesmo ano foi designado delegado-assistente da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE). Além das disso, Braga chefiou várias especializadas, como a Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), em 2007; a Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) de 2008 a 2010; a Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), em 2011 e a Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), em 2014. Ele também passou pela 20ª DP (Vila Isabel) e 16ª DP (Barra da Tijuca), no período de março 2015 a maio de 2017.

De acordo com o novo secretário, que também já foi delegado no Paraná, ele vai trabalhar "24 horas e todos os dias" para não deixar faltar nada para a corporação. "Não estamos aqui para fazer o fácil. Na Polícia Civil nada é fácil. Existimos para fazer o que tiver que ser feito. Tudo para o bem da sociedade".

Confira quais medidas estão previstas no plano da Polícia Civil, que deverão ser implementadas em até 100 dias:

- Implementar o Plano de Operações Integradas para repressão de roubo de automóveis e de cargas, para reduzir esses indicadores nas áreas de maiores índices.

- Aumentar em 20% o número de indiciamentos e elucidação dos crimes em todo Estado do Rio de Janeiro em comparação ao mês anterior e ao mesmo período do ano anterior.

- Implementar o projeto piloto do Registro de Ocorrência Online pela Polícia Militar na circunscrição da Ilha do Governador, capacitando 100% dos policiais militares designados.

- Tornar operacional as ações do Departamento Geral de Investigação a Corrupção e Lavagem de Dinheiro. 

Que deverão ser implementadas em até 180 dias: 

- Reduzir os indicadores de roubos de cargas e de automóveis nas áreas de maiores índices da região metropolitana.

- Aperfeiçoar as investigações dos crimes de homicídios, a fim de aumentar a identificação de autoria.

- Aperfeiçoar as investigações de combate à corrupção, ao crime organizado e à lavagem de dinheiro no estado do Rio de Janeiro. 

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