Rio - A Lagoa Rodrigo de Freitas é palco de mais uma mortandade de peixes, o segundo episódio do tipo em pouco mais de um mês no cartão-postal do Rio. Desta vez, os primeiros animais começaram a aparecer mortos no local na noite desta terça-feira e ainda podem vistos boiando nesta quarta. A nova mortandade teria acontecido por causa do despejo de matéria orgânica levada pelas chuvas que caíram na cidade nos últimos dias.
"Quando a gente fala matéria orgânica, pode ser tanto a que existe na natureza como também lançamento de esgoto. Mas ai não tem como você diferenciar em uma chuva torrencial", o biólogo Mario Moscatelli afirma. "A gente tem grande aporte de matéria orgânica do maciço da Tijuca, só que nós temos o fator esgoto que a gente sabe que na nossa cidade é um assunto mal resolvido, principalmente nos períodos de chuva".
O biólogo explica que quando a matéria orgânica (folhas, animais mortos e etc) chega às águas da Lagoa entra em decomposição, diminuindo o nível de oxigênio na água.
"A Lagoa Rodrigo de Freitas é um ecossistema frágil e precisa de formas modernas de gerenciamento, se não a gente vai ter a repetição desses casos sempre", defende.
Procurada pelo DIA, a Comlurb informou que 174 garis e 32 agentes de limpeza urbana estão trabalhando na Lagoa desde que houve registro de peixes mortos e que, até as 15h desta quarta, 7,4 toneladas de peixes mortos foram recolhidos. "A ação prossegue até que cesse a mortandade de peixes e a limpeza das margens", disse, em nota.
A Secretaria Municipal de Conservação e Meio Ambiente (Seconserma) avisou que durante a madrugada e na última medição, feita às 7h, foi registrado valores de oxigenação inferiores a 0,12 mg/L na Lagoa, o que indica "instabilidade no ecossistema da Lagoa, que está com bandeira vermelha". "A prefeitura confirma a morte de algumas savelhas, mas ainda não pode se classificar como mortandade. Os peixes estão sendo recolhidos pela Comlurb, que ao longo do dia terá um balanço para divulgar. Todos os órgãos envolvidos na gestão ambiental da Lagoa Rodrigo de Freitas permanecem em alerta".
A Cedae disse que o sistema de esgotamento sanitário da companhia opera normalmente na região. "Toda a área formal da Zona Sul é atendida por rede da Companhia. Vale ressaltar que a manutenção e monitoramento de galerias de águas pluviais não são de responsabilidade da Cedae, assim como a renovação da água da Lagoa Rodrigo de Freitas".
Quase 100 toneladas em dezembro
No fim de dezembro, houve uma grande mortandade de peixes na Lagoa. Na ocasião, os animais morreram por causa do intenso calor que fazia na cidade. Ao longo de quase uma semana, a Columrb retirou quase 100 toneladas deles das águas do cartão-postal do Rio.
