Rio - O delegado Giniton Lages, titular da Delegacia de Homicídios (DH) da Capital e responsável por investigar a morte da vereadora Marielle Franco (Psol) e seu motorista Anderson Pedro Gomes, deverá deixar a chefia da especializada nas próximas semanas. Quem deverá assumir a titularidade da DH será o delegado Daniel Rosa, que hoje chefia a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Rosa já passou pela DH-Capital como delegado-adjunto.
O DIA apurou que a gota d’água para a saída de Lages foi uma reconstituição feita por ele e promotores do Ministério Público do Rio (MPRJ) no último dia 26 de fevereiro. O delegado não teria informado a seus superiores sobre a reconstituição em frente à Casa das Pretas, na Rua dos Inválidos.
Além disso, segundo fontes da Polícia Civil, o delegado não estaria repassando informações sobre o caso à seus superiores e isso estaria irritando a alta cúpula da Polícia Civil.
O secretário da Polícia Civil, o delegado Marcus Vinícius Braga, inclusive, já estaria sabendo da retirada de Lages da DH-Capital.
Racha nas investigações
Como divulgou "O Globo", em dezembro, há alguns meses as duas promotorias decidiram investigar por conta própria a morte da parlamentar e de seu motorista. Isso teria gerado um mal-estar entre a Delegacia de Homicídios e o Ministério Público. Já houve diversas reuniões para que as arestas fossem aparadas. No entanto, as duas promotorias seguem irredutíveis.
Oficialmente, nem a Polícia Civil e nem o Ministério Público confirmam o racha. Extraoficialmente, fontes do MP dizem que a investigação paralela pegou até mesmo a instituição de surpresa e desencadeou uma briga interna. As duas promotorias responsáveis pelo caso mantêm sigilo sobre possíveis descobertas e se recusam a falar com a imprensa.
O delegado Antônio Ricardo Nunes, titular do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), foi procurado pela reportagem. Nunes afirmou desconhecer e fato e salientou a seriedade e o comprometimento de Giniton Lages na investigação.