Dinalva foi atingida na perna - SBT Rio
Dinalva foi atingida na pernaSBT Rio
Por ADRIANO ARAÚJO

Rio - A mulher atingida por uma bala perdida na estação de Manguinhos da SuperVia, nesta quinta-feira, esperou por mais de três horas para ser atendida no Hospital Municipal Souza Aguiar. Dinalva Medeiros Santiago, de 53 anos, foi baleada na perna esquerda, por volta das 6h. Ela aguardava um trem para chegar ao Hemorio, no Centro do Rio, onde trabalha como auxiliar de serviços gerais dia sim, dia não. Ela recebeu alta às 14h.

"Chegamos aqui 7h15, vai dar 11h e até agora (10h20) nada. Ela está ali na maca", reclamou o filho da vítima, o mototaxista Ismael Medeiros Santiago, de 30 anos, que acompanhava a mãe, enquanto ela aguardava no setor de emergência do hospital. A previsão era que ela receberia alta ainda hoje, segundo parentes.

A advogada Viviane Santos, 40, que é sobrinha de consideração de Dinalva, ficou revoltada com a demora no atendimento no Souza Aguiar. Ela chegou a ameaçar entrar com um pedido de liminar no Tribunal de Justiça para que a tia fosse atendida.

Auxiliar de serviços gerais foi baleada na perna - Arquivo Pessoal

Logo depois que a advogada fez a reclamação, por volta das 10h35, Dinalva foi encaminhada para atendimento. Somente pouco antes do meio-dia, descobriram que a bala não ficou alojada, o que descartava a necessidade de cirurgia.

Funcionários e pacientes do hospital contaram que havia apenas um ortopedista atendendo na emergência pela manhã. A escala para a unidade nesta quinta, no entanto, previa dois médicos no setor.

Apesar do flagrante do DIA, a Secretaria Municipal de Saúde nega que houve demora no atendimento.

"Dinalva foi imediatamente atendida assim que deu entrada na Sala Vermelha da Emergência e toda a assistência foi feita conforme protocolos de trauma, incluindo avaliação por diferentes especialistas e exames específicos solicitados pelos médicos", falou em nota a SMS. A pasta não se pronunciou sobre ter somente um médico ortopedista no hospital.

Segundo dia de tiroteio

Nervoso e com lágrimas no olhos ao ver a mãe nessa situação, Ismael conta que estava dormindo na casa que mora com a mãe, na comunidade Amorim, que fica no bairro da Zona Norte do Rio, quando soube pelos vizinhos que ela havia sido baleada.

"As vezes, quando está tendo tiroteio, minha mãe muda o caminho para ir ao trabalho. Mas hoje quando os tiros começaram, ela já estava dentro da estação", diz o mototaxista.

O tiroteio na região começou pouco antes das 6h. A circulação dos trens do ramal Sacarucuna da SuperVia, que corta a região, chegou a ser interrompida até meados das 7h20, por causa dos disparos. Foi o segundo dia consecutivo de tiros.

Ismael ficou apreendido para a mãe receber atendimento - Adriano Araújo / O DIA

"Esta tendo tiroteio direto. O caveirão vai lá até quando não é para fazer operação. Só dá uma rodada na favela, dá tiro e quando uma pessoa é baleada eles saem fora... depois voltam, outra pessoa baleada e saem de novo", Ismael critica.

O mototaxista lamenta a família ficar refém da violência que assola a região.

"Bate um desespero, nervoso, raiva, mas não tem outro caminho. Temos que ir trabalhar. Ontem foi tiro, hoje de novo... na hora que saímos para trabalhar, criança indo para escola...", lamenta.

O outro filho de Dinalva, Gabriel Santiago, 27 anos, nem sabia que a mãe tinha sido vítima de bala perdida. Sem celular, ele foi fazer um serviço de descarga de caminhão e só ficou sabendo quando voltou para a comunidade.

"Estava fazendo serviço de caminhão, de descarga, quando voltei fiquei sabendo, o rapaz do mototáxi me avisou", falou, lamentando a falta de "saída" para quem mora na região.

"Não tenho palavras. O único ponto de partida é ali, tem que passar na Leopoldo Bulhões para ir para a estação. O único meio que tem para trabalhar é o trem", disse.

Tiroteio afetou a circulação dos trens do ramal Saracuruna - Reprodução / Internet

Procurada, a Polícia Militar informou que uma equipe do 22°BPM (Maré) foi atacada durante um patrulhamento de rotina Rua Leopoldo Bulhões, na altura de Manguinhos. A secretaria disse, no entanto, que os agentes não fizeram disparos e que só depois soube que uma pessoa havia sido baleada.

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