Quando os militares do Exército se aproximaram do carro que haviam acabado de metralhar, na tarde deste domingo, em Guadalupe, Luciana dos Santos Nogueira impediu que os agentes chegassem perto da cena do crime. Ela conta que teve medo que eles 'colocassem alguma coisa' no local para incriminar seu marido, Evaldo Rosa dos Santos, de 51 anos, a vítima fatal do ataque de mais de 80 tiros de fuzil disparados pelos militares.
O socorro, ela conta, partiu do padastro, que estava no carro, e de pessoas que tentaram interromper a ação com gritos de 'é morador, é morador! Luciana conta que, durante a tentativa de salvar o marido, o padastro e o morador foram baleados pelos militares.
"Abri a porta e saí correndo com a mão para o alto. Mas eles não pararam de atirar. Depois, quando se aproximaram, tive medo que colocassem alguma coisa no local para dizer que meu marido era bandido. Ele não é! Somos pessoas dignas, trabalhadoras e batalhamos muito. Ele estava feliz, pois estava terminando de pagar as prestações do carro. O mesmo carro em que foi metralhado. Meu Deus, por que isso foi acontecer comigo? Por quê? Levaram meu melhor amigo", desabafou a viúva.
Luciana conta que o carro em que estava a família parou com os primeiros tiros. Mas os militares não cessaram os disparos. Segundo a Polícia Civil, foram mais de 80 tiros de fuzil, e não havia nenhuma arma no carro.
"Só havia o nosso carro na rua naquele momento. Não tinha outro. Por que fizeram isso, por que interromperam nossos sonhos juntos com esta atitude despreparada? Assassinos! Assassinos! Quero justiça", desabafou a viúva.