Carro ficou submerso na Avenida Maracanã, na Tijuca - Luciano Belford/Agência O Dia
Carro ficou submerso na Avenida Maracanã, na TijucaLuciano Belford/Agência O Dia
Por Maria Luisa de Melo

Rio - Cada chuva forte no Rio vem acompanhada de enchentes, deslizamentos, destruição e mortes. Paralelamente, as ações de prevenção voltadas para controle de enchentes e deslizamentos encolheram este ano. Segundo dados disponíveis no Fincon (sistema oficial de acompanhamento das finanças e contas do governo municipal) e no Portal Rio Transparente, a Prefeitura do Rio só gastou 2,11% do montante disponível para prevenir tragédias como a que se viu nestas segunda e terça-feira na cidade.

Ou seja, a Prefeitura só usou R$ 6,35 milhões dos R$ 300,26 milhões disponíveis. Os dados constam em relatório produzido pelo gabinete da vereadora Teresa Bergher (PSDB). 

Ao todo, o município dispõe de três grandes programas para prevenir e problema. Batizados de  'Controle de enchentes', 'qualidade das águas urbanas" e "estabilização geotécnica", os três estão com execução orçamentária bem abaixo do disponível. 

Segundo consta no Portal Rio Transparente, nenhum centavo foi empregado em drenagem urbana e contenção de encostas. E não é por falta de dinheiro. Há R$ 20,77 milhões disponíveis para a manutenção do sistema de drenagem.

O mesmo aconteceu com a rubrica 'revitalização de obras de pavimentação e drenagem', que tem R$ 91,6 milhões disponíveis e nenhum centavo gasto. Outros R$ 65,97 milhões estão em caixa, e sem uso, para manutenção e obras de estabilização de encostas. Há, ainda, outros R$ 383,85 mil para a mesma finalidade.

Das 15 ações para prevenir enchentes e deslizamentos, só quatro gastaram parte dos recursos disponíveis. Entre elas estão as destinadas para vistorias, fiscalização e licenciamento e monitoramento das situações de risco através das sirenes.

Para o engenheiro civil e professor da Escola Politécnica da UFRJ, Leandro Torres Di Gregorio, o melhor emprego dos recursos poderia prevenir a tragédia.

"Só alterar o índice de chuva para o acionamento das sirenes não adianta. É preciso fiscalizar, frequentemente, as áreas mais suscetíveis e sinalizá-las”, ensina.

Na avaliação de Di Gregorio, as ações da Prefeitura disponíveis na previsão orçamentária são, em sua maioria,voltadas para obras estruturais. Mas isso não é suficiente.

"O Rio precisa do aprimoramento dos lineares de chuva, com investimento em estudos e pesquisas. Quem lida com desastres sabe que os sistemas de emergência devem estar preparados para isso. Além disso, retirar as pessoas das áreas de risco é fundamental. Só o alerta não adianta, porque a população continua em situação de risco" , defende.

Procurada, a Prefeitura informou que dispõe de R$ 393,6 milhões previstos para investimentos na prevenção de enchentes, sendo que somente pela Conservação já foram empenhados (reservar para gastar) R$ 66 milhões, referentes ao orçamento da Secretaria de Conservação e da Rio Águas.

Sobre o orçamento da GeoRio, a Prefeitura alega que investiu R$ 60 milhões no ano passado.

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