Moradores da Gávea estão ansiosos para ver uma área de 25 mil metros quadrados, repleta de ruínas da antiga fábrica de colírio Moura Brasil, no coração do bairro, ser revitalizada. O terreno, desocupado desde a década de 80, já passou por quatro tentativas de desapropriação e, em 2014, foi transformado pela Prefeitura no Parque Municipal Sustentável da Gávea. Apesar da canetada, o projeto nunca saiu do papel.
Agora, uma empresa do ramo imobiliário aguarda o desengavetamento, na Câmara de Vereadores, do projeto de lei complementar que fixa as normas de implantação do parque para construir o Bosque da Gávea, ali na Rua Marquês de São Vicente. A aprovação do PLC permitiria à STX Desenvolvimento Imobiliário dar o pontapé inicial às obras.
O projeto é de um grande parque aberto ao público, com 200 unidades residenciais e comerciais, além da manutenção de quase 20 mil metros quadrados de Mata Atlântica. Uma parte poderá ser acessada pelo público para caminhadas. Outra, só por pesquisadores.
A demora para levar à votação o PLC 79/2018, de autoria do Executivo, é alvo de reclamação na vizinhança. "A área é degradada, tem mosquitos e pode ser foco de doenças. Finalmente apareceu um projeto que teve o apoio dos moradores. Temos um empreendedor interessado, queremos ter o espaço, mas os vereadores não executam a parte que lhes cabe. O projeto está pronto para ser votado desde outubro passado", criticou Carlos Affonso, morador de um condomínio vizinho ao terreno.
Presidente da Associação de Moradores da Gávea (AmaGávea), René Hasenclever relembra o esforço para a aprovação pelos moradores. "Faz mais de um ano que fizemos audiência pública no Planetário da Gávea e obtivemos a aprovação dos moradores. Nos reunimos com vereadores e com a Subsecretaria Municipal de Urbanismo. O projeto recebeu todas as emendas do Executivo e agora não anda mais", reclama ele, que vive há quase 50 anos na Gávea.
A Câmara informou, através de sua assessoria, que o texto chegou à Casa em 4 de junho de 2018 e seguiu para parecer das comissões permanentes. Em março, após reunião com técnicos da Secretaria de Urbanismo, ficou definido que os vereadores vão apresentar novas emendas, "propondo medidas compensatórias destinadas à recuperação do parque". O projeto só seguirá para votação em plenário após novo parecer das comissões.