Henrique Mendes, de 70 anos, morador da Tijuca, se vira como pode para tapar 'crateras' na porta de casa, na Rua Amoroso Costa - FOTOS Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
Henrique Mendes, de 70 anos, morador da Tijuca, se vira como pode para tapar 'crateras' na porta de casa, na Rua Amoroso CostaFOTOS Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
Por RODRIGO TEIXEIRA

Rio - Na contabilidade do rastro de destruição deixado pelo temporal do início de abril, o saldo é de mais de 13,3 mil buracos espalhados pela cidade do Rio. E eles podem se tornar possíveis criadouros do Aedes Aegypti, mosquito transmissor da dengue e da chikungunya, doenças que, conforme as últimas estatísticas, registraram crescimento, assustando os cariocas.

Os casos de chikungunya registrados em todo o Estado do Rio até o dia 2 fevereiro de 2019 cresceram aproximadamente 86% em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo dados do Ministério da Saúde, foram contabilizados 2.198 possíveis casos, contra 1.182 em 2018. Em relação à dengue, no mesmo período, o estado notificou 969 ocorrências da doença.

"O problema da má conservação está dentro de casa. Depois desse buraco com água parada aqui na rua, minha mãe foi a primeira a sentir os sintomas da chikungunya. Na emergência foi diagnosticado que ela estava com a doença através do exame de sangue. Minha avó e minha tia começaram a sentir os mesmos sintomas e também foram levadas ao hospital", contou Thais Romi, de 26 anos, que ajuda os familiares na luta contra a doença.

A jovem é moradora da Rua Cajuipe, em Bonsucesso, na Zona Norte do Rio, e aponta buracos próximos à residência como possíveis focos do mosquito transmissor, o Aedes Aegypti. "Um sentimento de descaso e desrespeito. Podemos até fazer a nossa parte de não deixar água parada em casa e fiscalizar sempre o quintal, mas quem deveria estar cuidando do povo e da nossa cidade está ignorando", afirmou a jovem.

Em nota, a Secretaria de Conservação da Prefeitura do Rio (Seconserva) informou que vai enviar uma equipe ao local para vistoriar e programar o serviço de tapa-buraco na região.

Para Selma Merenlender, médica reumatologista, é preciso ficar alerta aos sintomas da dengue e chikungunya. Ela adverte que nas primeiras 48 horas, os sintomas são idênticos. Febre alta, dores no corpo, dores de cabeça e vermelhidão, e coceira pelo corpo. "Neste período, o tratamento deve ser muita água, repouso, analgésicos comuns e evitar os anti-inflamatórios pelo risco de precipitar hemorragias. A chikungunya após o quarto dia apresenta inflamação das articulações com intensa dor e incapacidade de se mover", explicou.

Buracos

A Seconserma informou que no primeiro trimestre de 2019 já realizou em torno de 85% do serviço de tapa-buraco, dos cerca de 13,3 mil pedidos. Os bairros com mais demandas neste período foram Tijuca, na Zona Norte, e Campo Grande e Realengo, na Zona Oeste.

Em nota, a Seconserma informou que "a população pode solicitar as vistorias pelo 1746, para que os reparos nas vias sejam inseridos na programação do serviço de tapa-buraco".

Morador da Tijuca, Henrique Mendes, de 70 anos, diz que se vira como pode para tapar as 'crateras' na porta de casa, na Rua Amoroso Costa. "O sentimento que eu tenho é de total ausência das autoridades com gente. Quando eu preciso colocar terra diariamente aqui no buraco, é retrato do total abandono. A gente fica frustrado como contribuinte. Pagamos taxas e a contrapartida dos nossos impostos é zero", diz o aposentado, que por conta própria faz o trabalho de tapa-buraco.

A Seconserva garantiu que vai vistoriar os buracos da Rua Amoroso Costa hoje e programar o serviço de tapa-buraco e demais reparos que sejam necessários.

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