Rodrigo Lopes Marques, dono da Aloha, será intimado pela polícia  - Reprodução
Rodrigo Lopes Marques, dono da Aloha, será intimado pela polícia Reprodução
Por FRANCISCO EDSON ALVES

Rio - Pelo menos 400 formandos do ensino universitário do Rio e do interior do estado amargaram uma grande frustração no último fim de semana. Eles vinham depositando por anos suas economias — num total de R$ 3,5 mil em média, cada um — na esperança de marcar o fim de um ciclo estudantil com uma festa inesquecível. Mas a empresa Aloha Formandos, há dez anos no mercado de festas de formatura e encarregada pela realização de dois eventos na noite de sábado, não arcou com os compromissos, segundo depoimentos dos estudantes.

A lista de prejudicados pode ser bem maior. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Formatura (Aberform), a Aloha, que não é associada, possui atualmente 200 contratos assinados com cerca de 8 mil estudantes. “Vamos realizar um encontro com empresas do mercado amanhã, para fazer uma auditoria em cima desses contratos. Nossa intenção é torná-los viáveis e evitar que o sonho das pessoas seja jogado no lixo”, adiantou Michel Aquarela, presidente da Abeform.

Na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, 140 formandos, vestidos a caráter, se depararam com um salão de festas repleto de mesas e cadeiras, mas sem buffet, som, luzes ou decoração. Em outra festa frustrada, em Macaé, no Norte Fluminense, dezenas de universitários souberam do cancelamento da celebração poucas horas antes da abertura da casa contratada.

Formandos lesados não tiveram festa e registraram ocorrência na 16ª DP (Barra), que informou que Rodrigo Lopes Marques, proprietário da Aloha, e o responsável pelo estabelecimento onde aconteceria o evento de sábado, no Rio, terão que prestar depoimentos.

Ontem, membros de comissões de formatura estiveram na sede da empresa. A Aloha, através da esposa de Marques, Nayara Barcellos, se comprometeu a realizar outra festa, com ressarcimento de parte do valor investido. Os formandos recusaram. “Não tenho palavras para descrever essa irresponsabilidade. Um bando de ladrões acabou com nossos sonhos”, desabafou Isabel Gomes, uma das formandas que ficou a ver navios, numa rede social. O grupo dela criou uma ‘vaquinha’, pela internet, para arrecadar R$ 100 mil para uma nova festa.

Para Marco Aurélio, dono da Gabarito e Forma, concorrente da Aloha, raramente as comissões de festas se preocupam com o essencial: o CNPJ da contratada. “É o básico”. A coordenadora de atendimento do Procon RJ, Soraia Panella, endossa que a reputação da empresa é uma boa forma de evitar frustrações. “É bom  acompanhar reclamações e checar ações judiciais”, aconselha.

 O drama de quem já pagou e tem festa de formatura marcada

Os recentes calotes da Aloha, que levaram centenas de formandos para a porta da delegacia, no fim de semana, deixam apreensivos também quem já fechou contratos e tem eventos marcados com a empresa.

Angie Nogueira recém-formada em Engenharia pela Unissuam, representa 30 alunos que temem em não ter festa em agosto, que pagam desde 2017 - Álbum Pessoal

A advogada e formanda em Engenharia Civil, Angie Nogueira, 38, que representa 31 recém-formandos pela Unisuam, não esconde a "tensão com o momento de incertezas".

"Afinal, pagamos com sacrifício por um contrato com a Aloha fechado em 2017 (R$ 3,5 mil cada um) para uma festa no dia 10 de agosto deste ano, na Mansão Carioca (Alto da Boa Vista). Os convites para a cerimônia, aguardada com muita expectativa por nós, parentes e amigos, estão indo para a gráfica", justifica.

 * Colaboração de Felipe Rebouças

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