Mãe da menina queimada por combustível vazado em Caxias relata os momentos de pânico - Reprodução vídeo / Agência O Dia
Mãe da menina queimada por combustível vazado em Caxias relata os momentos de pânicoReprodução vídeo / Agência O Dia
Por Adriano Araujo e Rafael Nascimento

Rio - Fernanda Pacheco, mãe da menina que caiu numa poça do combustível vazado após a tentativa de roubo em um duto da Transpetro em Caxias, na Baixada, narrou os momentos de pânico na fuga do local tomado pela gasolina em estado bruto. Na confusão, na qual Fernanda avisava outros familiares do perigo, a criança acabou caindo e desmaiando em cima do produto, ficando com 80% do corpo queimado. Ana Carolina Pacheco Luciana, 9 anos, está em estado grave. 

"A gente não conseguia respirar, era uma ânsia de vômito porque o combustível tomou conta do organismo, então nisso ela perdeu o ar e caiu. Fiquei desesperada e não pude fazer nada. Até agora não sei o que provocou isso, um vazamento que queimou árvores, matou meus bichos e trouxe minha filha para a UTI. Espero que que ela saia bem dessa", desabafou, pedindo orações para a filha. O cachorro da família, um dálmata, acabou morto pela intoxicação. Jatos do combustível atingiram quatro casas, entre elas a da família de Ana Carolina.

Após conseguir ver a filha no hospital, Fernanda voltou a falar sobre o estado de saúde da menina. "Minha filha corre risco de vida. Vi ela aqui depois da cirurgia e ela está toda enfaixada e respirando com a ajuda de aparelhos. A minha filha está isolada numa sala. Talvez ela precise passar por outra cirurgia", contou.

Ana Cristina Pacheco Luciano, 9 anos, sofreu queimaduras em 80% do corpo após cair em poça de combustível vazado de duto que sofreu tentativa de furto em Caxias - Arquivo Pessoal

Ana Carolina passou por uma cirurgia para a retirada da pele queimada e está no CTI do Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Saracuruna.

 "Ela já passou pela cirurgia, está sendo estabilizada, mas a pressão não estabiliza, não está reagindo aos medicamentos. Tem queimaduras por todo o corpo, desde o rosto às costas, ela está toda queimada", disse a mãe. 

Cachorro da família da menina acabou morrendo com a intoxicação causada pela fumaça do combustível - Divulgação
 

Assim que acordou com o cheiro forte, Fernanda correu para avisar a mãe e o padrasto, além da irmã que vive com os filhos de 1 e 2 anos, todos em casas diferentes. Na correria a menina caiu, sendo percebido pouco tempo depois. 

"Quando abri a porta aquele vapor invadiu meu nariz, não conseguia respirar. Segurei minha filha e tentei fugir com ela. Agora ela está aqui", disse. "Corri para chamar todos, mas a fumaça estava intoxicando todo mundo. Falei pra ela: 'filha, vamos morrer'. Ela disse: 'vamos correr mãe'. Eu peguei ela e a gente correu", conta a mãe. 

"Eu vi que ela sumiu, mas tinha tanta neblina de combustível que não dava para ver o corpo da minha filha. Achei que ela estivesse morta. Até então eu sabia que ela tinha sido socorrida e corri para cá. Estou esperando que ela melhore, que fique boa, saia logo daqui. Peço que todos orem nesse momento", pediu. 

A mãe tenta achar explicações sobre o que aconteceu após se perder da filha no meio da fumaça provocada pelo vazamento do combustível.

"Estava muito escuro e só queríamos sair. A nossa casa ficou tomada por poças de gasolina em todo o quintal. Perdemos os nossos bichos. Peguei a minha filha e saímos correndo. Passei na minha irmã e peguei o meu sobrinho no colo. Após isso, pensei: 'a minha filha é grande e vai me seguir'. Mas, ela se perdeu. Depois de uma hora encontramos ela já desmaiada. Só peço a Deus pela vida da minha filha", clama, desesperada. Ela contou que mora há 18 anos na região e nunca foi realizado um simulado com os moradores da região para casos de emergência.  

Casa onde mora família da menina queimada em vazamento de combustível em Caxias - Divulgação

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