Blindado participa de operação no Complexo do Alemão - Reprodução / Internet
Blindado participa de operação no Complexo do AlemãoReprodução / Internet
Por Rachel Siston*

Rio - A jovem de 17 anos que entrou em trabalho de parto na manhã da última terça-feira durante uma troca de tiros entre policiais militares e criminosos no Complexo do Alemão, na Zona Norte, disse que teve medo de dar à luz em casa, por conta do intenso confronto.

"Fiquei com mais medo dos tiros, porque a bolsa rompeu e eu achei que ela ia ter que nascer em casa. Mesmo depois que os tiros pararam, os PMs não queriam me deixar passar", disse a jovem, que entrou em trabalho de parto às 7h e só conseguiu deixar a comunidade às 11h, depois de pedir ajuda a uma integrante do Voz das Comunidades.

"Meu padrasto foi me buscar, mas eles (PMs) disseram que não deixariam ninguém passar. Eu tive que entrar em contato com uma moça do Voz das Comunidades e ela falou com outras pessoas e com o comandante. Ela chegou a pedir ambulância, mas fui para o hospital por conta própria", lembrou.

Levada para o Hospital Maternidade Carmela Dutra, no Méier, a adolescente, por conta das contrações que demoraram a aumentar, só teve o bebê às 21h24, de parto normal. Ela estava com 37 semanas de gestação e o nascimento estava previsto para o próximo dia 14. Aruna nasceu com 2,8 quilos e 49 centímetros.

Identificada apenas como Ana, a jovem contou ao O DIA que teme pela segurança de sua filha, por viver em um local que constantemente sofre com a violência. "Tenho medo, porque não estamos protegidos em lugar nenhum. A violência está em todos os lugares. Não temos mais o direito de ir e vir", lamentou.

Mãe e filha passam bem e devem receber alta médica nesta quinta-feira. Em nota, a Polícia Militar disse que ainda não foi informada sobre o caso.

Jovem se assustou com explosão de granada

A jovem entrou em trabalho de parto antes da data prevista porque se assustou com a explosão de uma granada durante a operação da Polícia Militar no Complexo do Alemão. Após quatro horas de espera, a adolescente deixou a comunidade com a família.

"O neném dela estava previsto para 14 de maio. Quando soltaram uma granada, ela se assustou e a bolsa se rompeu. Era 7h, mas era muito tiro. Nós só conseguimos sair de casa às 11h. Viemos de carro para o hospital. Pararam um pouco os tiros e nós viemos", relatou a mãe da jovem, Verônica Santana Camareiras Guerra.

Operação no Complexo do Alemão

A intensa troca de tiros no Complexo do Alemão, na Zona Norte, se iniciou na madrugada de terça-feira, durante uma operação da Polícia Militar. Segundo a Corporação, equipes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) foram atacadas por bandidos armados na comunidade da Fazendinha.

Houve confronto e, após os disparos, um suspeito foi encontrado ferido. De acordo com a PM, ele estava com uma pistola e foi socorrido para um hospital da região. Além dele, outros três suspeitos foram presos. Seis fuzis, uma metralhadora Browning M1919 calibre .30, uma pistola calibre 40mm, munições, radiotransmissorres, granadas e 510 papelotes de cocaína foram apreendidos.

Na tarde do mesmo dia, o governador Wilson Witzel (PSC) posou exibindo a metralhadora, no Palácio Guanabara, em Laranjeiras, Zona Sul. Witzel recebeu policiais militares do Batalhão de Choque e o material apreendido na ação.

No Twitter, o governador parabenizou os policiais que trabalharam na operação. "Meu objetivo em apresentar essa apreensão é mostrar o poderio de guerra que os nossos policiais enfrentam diariamente, dando suas vidas pela segurança da população. Seguiremos combatendo o crime organizado incansavelmente. No meu comando, bandido não tem vez", escreveu.

Estagiária sob supervisão de Maria Inez Magalhães  

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