Elevador inoperante  - Lucas Cardoso
Elevador inoperante Lucas Cardoso
Por O Dia
Rio - Banheiros interditados e sem insumos, elevador com defeito, rachaduras, infiltração, fios de energia expostos, bebedouro desativado, foram alguns dos problemas encontrados pela reportagem do DIA em um prédio da UFRJ, na manhã de ontem. O flagrante aconteceu um dia após o Ministério da Educação (MEC) anunciar um bloqueio de 41% no orçamento da instituição de ensino superior. O corte impactou em R$ 114 milhões do orçamento. De acordo com balanço divulgado pela universidade, o montante bloqueado é maior do que a redução de verba sofrida nos últimos cinco anos (R$ 73 milhões).
"Vivemos tempos de incerteza aqui. A estrutura da universidade parece estar sempre no limite. Dependo daqui porque não tenho condições de pagar aulas de inglês em um cursinho privado. Como eu, outros moradores de comunidades carentes têm medo", comenta o aluno do curso de língua inglesa e morador do Parque União, Douglas Farias, de 23 anos.
Publicidade
O casal de universitários, Rachel Almeida, 22, e Renan Henrique, de 23, acreditam que os problemas de infraestrutura na faculdade podem ampliar-se mais. "Ir ao banheiro e encontrá-lo sujo, sem papel ou sabonete é comum. Atualmente, damos a sorte de ter aula em uma sala com ar-condicionado, mas algumas dos blocos mais distantes só tem ventilador, entre outros problemas".
Além dos problemas mencionados pelos alunos, O DIA também presenciou rachaduras em colunas, infiltrações e banheiros interditados nos dois andares da Faculdade de Letras. Dos 8 banheiros visitados pela reportagem, cinco estavam interditados ou tinham mictórios e sanitários inutilizados. Fiações e caixas de disjuntores expostas em corredores confirmavam a falta de manutenção.  Na prédio da Reitoria, onde fica a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), as letras que identificam o curso estão tombadas à espera de reparos. 
Publicidade
De acordo com a UFRJ, a maior parte do orçamento bloqueado pelo governo seria destinado à manutenção dos prédios. A outra área mais impactada será a de modernizações e reestruturação. Juntas, as duas frentes correspondem a pouco mais de 82% do total bloqueado. A universidade vem passando por reduções de orçamento ano após ano. Em nota apresentada pela instituição, nos últimos cinco anos o valor liberado pelo governo caiu de R$ 484 milhões, para R$ 364. Nesse mesmo período, a UFRJ passou por cinco incêndios graves, o último no Museu Nacional, em setembro do ano passado
Um desses incidentes aconteceu no alojamento, em outubro de 2017. Desde o ocorrido, alunos ainda aguardam a manutenção da ala afetada pelas chamas e a construção de um novo alojamento, previsto para o ano passado. Com o corte de verbas, alunos que preferiram não se identificar alegaram receio em perder suas bolsas. "Esse dinheiro garante a nós, alunos que não podem viver no alojamento por falta de estrutura, consigamos nos manter na faculdade. Sem ele, ficaria impossível me manter", explicou um dos aluno, que recebe uma R$ 1.050 mil de auxílio.
Publicidade
Procurada, a UFRJ informou que a assistência estudantil não será afetada pelos cortes. Sobre a questão do elevador, a direção da Faculdade de Letras informou que, por questões de segurança, o elevador pode ter seu funcionamento interrompido em dias de fortes chuvas, como as do último fim de semana. Sobre infraestrutura, não há quaisquer problemas no prédio que ofereçam riscos à comunidade ou ao prédio.
UFRJ
Publicidade
Perto de completar 100 anos em 2020, a UFRJ é a maior universidade federal do país e uma das cinco melhores da América Latina. A instituição conta com 266 cursos, habilitações de graduação, 130 cursos de mestrados acadêmico e profissional, 94 cursos de doutorado, 67 mil estudantes, mais de 4 mil docentes e 9 mil servidores técnico-administrativos.