Má conservação no Zona Portuária - Luciano Belford / Agência O Dia
Má conservação no Zona PortuáriaLuciano Belford / Agência O Dia
Por Aline Cavalcante
Rio - Três anos depois das Olimpíadas do Rio, o Boulevard Olímpico, que liga a Praça 15 ao AquaRio e recebeu investimentos de aproximadamente R$ 10 bilhões, mostra diversos sinais de abandono. Lixo, mato, pisos quebrados e buracos, são alguns dos problemas que cariocas e turistas encontram no local desde que a concessionária Porto Novo deixou de prestar serviços básicos de limpeza e conservação, e a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp) assumiu a gestão.
Em um passeio rápido, é possível constatar a má conservação. Os jardins do Boulervard, por exemplo, são um sinal de abandono, com mato alto e grades de proteção caídas. Próximo ao Museu do Amanhã, um cordão de isolamento destoa da paisagem para indicar ao pedestre que o piso está quebrado. Na Praça XV e proximidades do mural Etnias, pintado pelo artista Eduardo Kobra, mais buracos no chão.
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Além de reclamar das irregularidades do piso, que dificultam as manobras, Yves Nascimento criticou falta de banheiros - fotos Luciano Belford/Agência O Dia
"Achei um absurdo que bem aqui em frente ao Museu do Amanhã, que é uma das principais atrações, esteja com o piso todo quebrado assim. Passa uma imagem muito feia, de descuido e, principalmente, é um risco para os visitantes", criticou a dona de casa Ana Lúcia. "É muito ruim, porque as pessoas podem cair. Para quem anda de skate, como eu, é bem pior. Atrapalha muito nas manobras", reclamou o skatista João Victor.
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A grama alta também está presente em diversos trechos. Em frente à Igreja da Candelária, a Pira Olímpica, que guardou a tocha durante os jogos, pouco atrai as lentes de cariocas e visitantes, e sofre com o abandono. A pintura do concreto que circunda o monumento está descascada e a grade quebrada. "Poderia ter uma fonte jogando água, alguma coisa que chamasse atenção. Do jeito que está, fica sem graça", argumentou a estudante Maria Clara. A falta de estrutura também é motivo de críticas. "Banheiro público é fundamental e não tem aqui, observou Yves Nascimento.
No parque infantil que fica próximo ao AcquaRio, outros sinais da má conservação. Buracos nas rampas do escorrega oferecem riscos às crianças. Izabella Almeida, que levou o filho Daniel, de 2 anos, para brincar, ficou preocupada com o estado de conservação. "Fiquei decepcionada. É a primeira vez que venho aqui, trouxe meu filho para conhecer e me deparei com essa situação. É um risco para as crianças", disse.
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Serviço emergencial
A Cdurp informou que, emergencialmente, mesmo sem orçamento, a Comlurb e a Secretaria Municipal de Conservação têm prestado serviços na área do Porto Maravilha e enviaráequipes às áreascom problemas para que as devidas providências sejam tomadas. ACdurp afirmou ainda que existe um projeto para a construção de banheiros na região dentro de uma Parceria Público Privada (PPP), que estásuspensa. A discussão deve ser retomada assim que a situação se normalizar.
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A Comlurb, por sua vez, garantiu que o corte de grama acontece por trechos e funcionários da companhia permanecerão no local até que o serviço seja finalizado.
Dificuldades financeiras
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A Prefeitura do Rio passou a cuidar da conservação e serviço básico de limpeza emjunho de 2018, quando a Caixa Econômica Federal declarou iliquidez — quando uma empresa ou um fundo enfrenta dificuldade de transformar ativos (bens) em dinheiro — do Fundo de Investimento Imobiliário Porto Maravilha (FIIPM), responsável pelos pagamentos da operação urbana consorciada.Impedida de assinar ordens de serviços e de manter o fluxo de repasses da Parceria Público-Privada (PPP), a Cdurp interrompeu a operação com a concessionária contratada e assumiu a função.
Em nota, aCdurp informou que negocia com a Caixa, gestora do fundo, a retomada da PPP, mas ainda aguarda solução para o impasse. A Caixa não se pronunciou até o fechamento da edição.
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Região ganhará moradias
Apesar dos investimentos no Porto Maravilha,muitos prédios comerciais, que foram construídos há cerca de três anos, continuam desocupados. Para tentar tornar a região um bairro movimentado durante 24 horas, a prefeitura aguarda recursos do governo federal para um empreendimento de 1.800 a 2.600 habitantes do programa Minha Casa Minha Vida para a Rua do Livramento.Há aindaum projeto residencial privado, de 1.400 unidades, na Avenida Venezuela.
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Ainda para induzir o desenvolvimento nas áreas da Gamboa e Santo Cristo, a Roda Gigante Rio Star, Inspirada na London Eye, visa atrair visitantes. A atração que terá88 metros de alturae vai ser a maior roda gigante da América do Sul, deve ser inaugurada ainda neste ano.
Em compasso de espera
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Prevista para ser inaugurada em fevereiro, a Linha 3 do VLT ainda não tem prazo para começar a operar devido à falta de repasses de recursos da Prefeitura do Rio. O novo trajeto ligará a Central do Brasil ao Aeroporto Santos Dumont, em viagem de 18 minutos. Serão três novas estações, além das sete já em atividade e que serão compartilhadas com as linhas 1 e 2.
As obras começaram em janeiro de 2018 e, pelo cronograma inicial, deveriam ser entregues em 15 de dezembro. Porém, houve atrasos por falta de repasse de verba e o novo prazo passou a ser fevereiro. Na época, a Prefeitura do Rio firmou um acordo com o Consórcio VLT Carioca, que previa o pagamento de R$ 20 milhões à concessionária.
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Em razão do atraso dos pagamentos, o VLT Carioca passou a dever à empresa francesa Alstom, que não liberou o sistema da Linha 3 para operação. A Alstom é a detentora de toda a tecnologia de alimentação elétrica feita por solo e do funcionamento dos semáforos das três linhas do VLT.
Em nota, o VLT Carioca ressaltou que a Linha 3 está pronta para operar, inclusive com a realização de testes, desde dezembro de 2018. "A concessionária compreende que o trecho é fundamental não só por representar a consolidação do sistema, mas também por oferecer mais possibilidades de mobilidade e serviço para quem circula no Centro do Rio. Por isso, desde a conclusão das obras, o VLT tem buscado negociar com a Prefeitura do Rio a solução para a dívida que já se acumula há um ano". A Prefeitura do Rio informou que não comentaria sobre o VLT.