Sandro Marraschi: moedas que são relíquias - Luciano Belford/Agência O Dia
Sandro Marraschi: moedas que são relíquiasLuciano Belford/Agência O Dia
Por Aline Cavalcante
Rio - Paraíso de relíquias e de peças raras e inusitadas, as feiras de antiguidade do Rio têm de tudo um pouco. Se garimpar bem, o interessado poderá se surpreender com utensílios de prata da década de 1930, peças de cristal de 40 anos atrás ou mesmo miniaturas de carrinhos de 1960. Mas, se o cliente achar que tudo isso não é antigo o suficiente, que tal moedas do ano de 980? Sim, é possível encontrá-las no melhor estilo 'direto do túnel do tempo'.
As feiras estão em diversos pontos da cidade, tais como Tijuca, Glória e Rua Riachuelo, no Centro. No trecho da Praça XV sobre o qual passava a Perimetral, por exemplo, centenas de pequenos comerciantes se instalaram, desde a demolição do viaduto, vendendo suas mais variadas peças. Mas a tradição de ocupar o local vem de antes. Na década de 1970, expositores se aglomeravam por aquelas bandas.
Publicidade
Quem quer comprar peças de aparelhos de jantar e utensílios de cristal, porcelana e prata pode dar uma passadinha na Glória ou mesmo na Praça XV. Um famoso vendedor bate ponto ora num local ora no outro. Chama-se Ocimar Ferreira, cujo sugestivo apelido é Chiquinho da Prata, de 55 anos. Até para cenário de novela ele já repassou suas mercadorias. "Várias emissoras já compraram objetos comigo para colocar em cenografia de época, sou muito conhecido porque já trabalho com antiguidades há mais de 40 anos".

Galeria de Fotos

Sandro Marraschi: moedas que são relíquias Luciano Belford/Agência O Dia
Na Rua Riachuelo, no Centro, objetos ficam expostas na calçada Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Chiquinho da Prata vende sua mercadoria até para cenário de TV Luciano Belford/Agência O Dia
Rio de Janeiro - 04/05/2019 - . Na foto acima Sandro Marraschi. Foto: Luciano Belford/Agência O Dia Luciano Belford
Os sócios Artino Jordão e Marcelo Júnior investiram em vinis Luciano Belford/Agência O Dia
Ed Smiths faz a alegria dos colecionadores de carrinhos antigos Luciano Belford/Agência O Dia
Publicidade
Outra atração da Praça XV são as moedas antigas. Disputadíssimas. Os vendedores contam que recebem gente de todos os lugares, inclusive de fora do país. "Aqui, tem muito turista, então a gente acaba vendendo para pessoas de diferentes lugares do mundo", conta Marcos Paulo, 27, que tem para oferecer também fichas antigas. São elas o alvo preferido do artista plástico Heitor Menezes, 27, morador de Copacabana, na Zona Sul.
"Estou criando obras a partir de fichas com temáticas marítimas. Nas minhas criações, eu junto peças de diferentes épocas. Quero montar uma exposição futuramente", diz o artista.
Publicidade
Sandro Marraschi também vende moedas temáticas. Tem metais procedentes de mais de 150 países em sua banca. E uma raridade: uma peça do ano de 980. "As que mais saem são as da Alemanha, Estados Unidos e Itália. Principalmente as temáticas da Segunda Guerra Mundial". Os preços variam de R$ 2 a R$ 2 mil.
Já na barraca dos sócios Artino Jordão, 59, e Marcelo Júnior, 46, os vinis fazem a alegria dos amantes à moda antiga de música. Tem bolachinha de bossa nova, de tropicália, rock... tem para todos os gostos. São mais de 500 discos, sendo os mais antigos de 1930. "Beatles e rock nacional e internacional são os que mais são vendidos", conta Marcelo.
Publicidade
E, se a graça é retornar no tempo, por que não voltar a ser criança com miniaturas de carrinhos da década de 1960? "Tenho até caixa original da época para o cliente que comprar um edição inteira. Geralmente, quem adquire é colecionador", diz Ed Smiths.
Objetos de valor afetivo, como uma edição especial de um gibi, livros ou uma fotografia antiga, são facilmente encontrados na feira popular a céu aberto da Rua Riachuelo. A tradição reúne homens e mulheres de todas as idades e diferentes origens. "É uma troca. A gente vende o fruto do nosso garimpo, e eles nos dão nosso sustento", diz Lúcia Dias, 61, vendedora de antiguidades há mais de 40 anos.
Publicidade
O bom e velho (claro!) comércio de calçada também pode ser visto em pontos como Praça da Cruz Vermelha e Glória. Na maioria das vezes, segundo os próprios vendedores, o acervo à venda é montado por meio de doações de moradores da região, troca e aquisição.
"O público aqui é variado, vai desde universitários até pesquisadores com doutorado e escritores de fora", afirma o vendedor de livros Carlos Alberto, 58 anos.
Publicidade
Em tempos de crise, há quem atravesse a semana longe de casa para garantir um trocado no bolso. "A passagem de ônibus está muito cara, às vezes estendo um papelão, fico por aqui fazendo o ganho da semana e volto só quando consigo vender o suficiente", conta Francisco Cassiano da Silva, morador de Austin, na Baixada Fluminense, e vendedor de roupas de segunda mão há mais de uma década.
A feira da Praça XV funciona aos domingos, das 6h às 14h. A da Riachuelo e a da Glória também são aos domingos.
Publicidade
 
 
Publicidade
 
 
Publicidade