Crianças se protegem no corredor da escola - Maré Vive
Crianças se protegem no corredor da escolaMaré Vive
Por Agência Brasil
Rio - Uma equipe da Defensoria Pública do Rio de Janeiro esteve nesta terça-feira no Complexo da Maré, com objetivo de colher depoimentos sobre a operação realizada na segunda-feira, quando oito pessoas suspeitas de tráfico morreram. De acordo com defensores públicos, moradores declararam que os tiros foram disparados de dentro do helicóptero da Polícia Civil. A corporação, em nota à imprensa, afirmou que “a ação foi criteriosa e seguiu todos os protocolos usados em incursões em áreas de risco no Rio de Janeiro, inclusive quanto ao uso de aeronaves”.
“Nos relatos que nós colhemos hoje os moradores mencionaram que houve tiros disparados a partir do helicóptero. É uma área de grande adensamento populacional, próximo às escolas”, contou a subdefensora-geral Paloma Lamego, durante entrevista à imprensa. O ouvidor da defensoria, Pedro Strozemberg, disse que os relatos contam que muitos tiros foram disparados. "Não tem a distinção, nos relatos que eu escutei, se eram rajadas ou tiros direto. Mas espero que a perícia seja capaz de identificar isso. O relato é de uso do helicóptero, de forma muito contundente, como plataforma de tiro. As marcas no chão dão a entender de rajada, mas não há relatos descrevendo nesse sentido”, disse o ouvidor.
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Tiros
A moradora Bruna Silva, mãe do estudante Marcos Vinícius, morto em junho do ano passado, durante operação da polícia na Maré, também participou da entrevista coletiva e disse que viu quando passou o helicóptero da polícia e tiros foram dados de dentro dele. “Eu vi, com os meus próprios olhos, e ouvi. Eu estava na minha laje estendendo roupa. O helicóptero dava tiros sincronizados. Ficava parado no ar, dava tiros, não demorava muito, circulava”, contou Bruna, que tem uma filha adolescente, aluna de uma das escolas da comunidade.
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Ainda em nota, a Polícia Civil explicou que a operação teve como objetivo prender um traficante identificado como Thomaz Jhayson Gomes, conhecido como 3N. “A ação foi desencadeada a partir de informações da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Polícia Civil apontando que o traficante comandaria nos próximos dias invasão à comunidade Salgueiro, em São Gonçalo, onde sucessivos confrontos têm provocado diversas vítimas. A Delegacia de Homicídios da Capital está conduzindo as investigações. Todos os procedimentos investigativos estão sendo tomados”, disse a corporação em nota.
Norma
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Na operação de ontem, foram presas duas pessoas e apreendidos sete fuzis, três pistolas, 14 granadas, além de R$ 35 mil em dinheiro. A extinta Secretaria de Estado de Segurança publicou uma instrução normativa, em outubro do ano passado, para regular o uso de helicópteros em operações. No Artigo 7º, fica estipulado “que o emprego de arma de fogo embarcado em aeronave somente seja utilizado quando estritamente necessário para legítima defesa dos tripulantes, equipes terrestres e população civil; no disparo de arma de fogo efetuado pela tripulação do interior de aeronave, sejam efetuados no modo intermitente, observando o número mínimo de disparos para o atingimento do objetivo almejado”.