Estado do Rio ganha santos padroeiros
Moradores têm agora dois protetores de peso, São Sebastião e São Jorge. É a promessa em dobro de dias melhores para o povo fluminense
Dois dos santos mais populares entre cariocas e fluminenses, São Jorge e São Sebastião assumiram responsabilidades ainda maiores. Eles foram oficialmente promovidos, juntos, ao 'cargo' de padroeiros do estado, conforme prevê lei sancionada ontem pelo governador Wilson Witzel. Os devotos ficaram animados com a novidade e esperam que a santa ajuda proporcione dias melhores e bênçãos em dobro ao povo do Rio de Janeiro. Tem torcedor até fazendo duplo pedido de milagre para o time do coração:
"Vamos ver se, com a ajuda de São Sebastião e São Jorge, o Flamengo ganha algum título de força. Ganhar do Vasco é mole", brincou o vendedor ambulante Carlos Roberto de Souza, de 69 anos, que trabalha há 47 anos em frente à Catedral Metropolitana de São Sebastião, no Centro, e não perdeu a oportunidade de provocar o rival que perdeu o título carioca para o seu time do coração em abril.
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Democráticos, São Sebastião — que já era padroeiro da capital — e São Jorge — que, de tão popular, tem um feriado estadual desde 2008 — atendem diferentes crenças. Para praticantes da Umbanda e do Candomblé, os dois correspondem, respectivamente, aos orixás Ogum e Oxóssi. Muitos fiéis acreditam que a escolha tem tudo a ver com o espírito guerreiro de quem vive no Rio e enfrenta batalhas diárias. Os dois padroeiros foram soldados.
Fiéis que estavam ontem na Igreja de São Jorge, em Quintino, e na Catedral de São Sebastião, no Centro, comemoraram o novo título e fizeram preces para os santos. "Com a intercessão de São Jorge, desejo que o nosso Rio venha a ter prosperidade, saúde, paz e tudo mais que nos foi tirado. Que nossos governantes aprendam com São Jorge a amar o próximo e não só a si. Temos muitos dragões para serem derrubados, principalmente na hora do voto", disse o músico Francisco Barbosa, 53, em igreja de Quintino.
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O motorista Rafael Moreira, 44, que eternizou há quatro anos a imagem de São Jorge no abdômen, pede forcinha ao santo para abençoar futuras gerações: "O problema das metrópoles é a falta de educação. Pessoas pensam muito em si e não se importam se fazem mal ao outro. Que ele ajude pais na criação dos filhos para que a próxima geração seja melhor do que a nossa".
A vendedora Luciene Sena, 53, acha a 'promoção' de São Jorge a padroeiro injusta com São Sebastião, seu santo de devoção. Ela vende artigos religiosos na Catedral Metropolitana: "Acho uma ingratidão com São Sebastião, porque ele já é padroeiro da cidade, e o dia dele não é tão comemorado como o de São Jorge."
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A lei sancionada ontem, de autoria dos deputados Gustavo Schmidt (PSL) e André Ceciliano (PT), diz que o governo estadual prestará anualmente as honras de Estado aos padroeiros. Não está definido se o Dia de São Sebastião (20 de janeiro) passará a ser feriado estadual, como já ocorre no município.