Funcionários da prefeitura participam da demolições na Muzema - Hudson Pontes / Prefeitura do Rio
Funcionários da prefeitura participam da demolições na MuzemaHudson Pontes / Prefeitura do Rio
Por RAFAEL NASCIMENTO
Rio - O ex-presidente da associação de moradores da Muzema, no Itanhangá, Zona Oeste do Rio, Leandro Correa, prestou depoimento na tarde desta quinta-feira, na Delegacia de Repressão as Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco/EI), no Centro do Rio, no inquérito que apura a influência da milícia na construção de imóveis na região.
Por volta de 15h, Correa chegou ao local acompanhado da advogada Vanessa Lopes, a mesma que defende Marcelo Diniz Anastácio da Silva, atual presidente da associação. Por uma hora, o ex-presidente contou que comandou a associação entre os anos de 2011 e 2015 e que deixou a direção após problemas de saúde. O DIA apurou que o homem afirmou que não tem conhecimento da atuação de milicianos na comunidade e que a associação de moradores não lucraria com a venda de imóveis no local onde desabaram os dois prédios.
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Foi a primeira vez que Correa foi chamado a Draco à se explicar. Ele foi intimado como testemunha no inquérito que a especializada apura o envolvimento de grupos paramilitares nas construções irregulares na Muzema, Rio das Pedras e em vários outros bairros da Zona Oeste. O homem não explicou se tem ou não ligações com José Bezerra de Lira, conhecido como "Zé do Rolo", apontado por testemunhas como sendo o dono dos prédios que desabaram.
Não é a primeira vez que o ex-presidente fala à Polícia. No mês passado Leandro foi intimado pela 16ª DP (Barra da Tijuca) a prestar esclarecimentos. Nesta caso, em outro inquérito: o que apurava as mortes das 24 pessoas. Naquela ocasião o homem também negou ter envolvimento com milicianos e afirmou desconhecer os construtores dos prédios que ruíram. À época, a polícia descobriu que, apesar do condomínio Figueiras do Itanhangá não ser regularizado, os moradores pagavam mensalmente uma taxa de R$ 60, para apartamentos e R$ 100, para casas.
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Fontes ouvidas pelo DIA afirmaram que a Draco-EI já ouviu dezenas de pessoas no procedimento que apura a ligação de grupos paramilitares na Muzema e região. As investigações seguem bastante avançadas. Já na 16ª DP, a distrital já ouviu mais de 30 pessoas — entre vítimas, moradores e presidentes de diversas associações de moradores da região.
Foragidos
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Quase um mês após a Justiça decretar a prisão preventiva de José Bezerra de Lima, o Zé do Rolo, Renato Siqueira Ribeiro e Rafael Gomes da Costa — suspeitos de construir e vender os apartamentos dos dois prédios que desabaram em Muzema, seguem foragidos. A polícia fluminense trabalha em parceria com investigadores de Pernambuco e Paraíba. É que os três suspeitos podem estar nestes dois estados do Nordeste.