"Enxugando gelo": garis continuam trabalhando na limpeza da viaGilvan de Souza / Agencia O Dia
Por O Dia
Rio – A cidade parece sem saída. Além do problema no Túnel Acústico, a Avenida Niemeyer é um misto de incerteza e apreensão. Ontem, a via voltou a ser interditada e especialistas alertam que a passagem não é segura em dias de chuva.
Para Alberto Sayão, doutor em Engenharia Geotécnica e professor de Engenharia Civil da PUC-RJ, o ideal seria esperar pelo menos de dois a quatro dias “para deixar a água escoar completamente” no local. “Quando chove muito na Niemeyer, eu mesmo não passo e falo para os meus alunos não passarem. Há muitos anos eu digo isso: a Niemeyer é uma das vias mais perigosas do Rio de Janeiro”, ressalta o engenheiro.
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Sayão atenta para o fato de que a avenida foi construída em 1916. “A Niemeyer é muito antiga. Já acabou a vida útil dela. Teria que ser totalmente reavaliada e revitalizada, o que é muito difícil, porque significa parar o tráfego”.
Ontem, garis trabalhavam na limpeza da área. A equipe com 11 funcionários atua desde fevereiro na avenida em uma rotina que se repete a cada chuva. O solo cede, invade as faixas de rodagem e impede o tráfego. É aí que os garis entram com enxadas, carrinhos de mão, pás e muita força para tirar toneladas de lama.
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“Toda vez que chove é a mesma coisa. A gente vem, limpa tudo e a lama volta. Estamos enxugando gelo”, disse um dos garis que pediu anonimato.
A Comlurb afirmou que foram removidas 66 toneladas de resíduos, principalmente lama e terra, e utilizados 42 mil litros de água para lavagem da pista na sexta.
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Para tentar conter a lama, a Secretaria Municipal de Conservação colocou sacos com areia rente à encosta na tarde de sexta-feira. Mas a lama voltou a invadir a pista após uma chuva moderada e interditou novamente um sentido da via para o trabalho de limpeza. O órgão optou por instalar blocos de concreto para tentar conter o lamaçal e evitar nova interdição.
Procurada, a GeoRio se manifestou por e-mail. O órgão garantiu que mantém ações de limpeza e mitigação dos pontos sensíveis a deslizamentos e escorregamentos em toda a via. “São 31 obras emergenciais de contenção em andamento e montagem de barreiras para direcionamento do fluxo de água e lama que descem a encosta. A ação é ininterrupta com técnicos de plantão 24 horas e em caso de chuva moderada há possibilidade de a via ser fechada preventivamente.”