A imagem mostra as árvores que ficam entre o Túnel Acústico e o condomínio: o medo como vizinho - Gilvan de Souza
A imagem mostra as árvores que ficam entre o Túnel Acústico e o condomínio: o medo como vizinhoGilvan de Souza
Por Fabio Perrotta Jr.
Rio – Medo. Essas quatro letras definem o sentimento dos moradores do conjunto residencial Marquês de São Vicente, o famoso "Minhocão". Tudo devido ao desabamento de parte da cobertura do Túnel Acústico Rafael Mascarenhas após um deslizamento na mata ao lado da via.
O conjunto de seis andares e 308 apartamentos foi projetado na década de 1950 pelo arquiteto modernista Affonso Eduardo Reidy. Cerca de 1.300 pessoas moram no local e ficaram assustadas com o ocorrido. Na sexta (17), 30 toneladas de lama caíram sobre a cobertura do túnel, que cedeu e desabou em cima de um ônibus.
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O DIA esteve ontem no prédio para entender melhor o que aconteceu e conversou com alguns moradores, que não quiseram se identificar. Todos demonstraram temor pela situação da encosta. No início deste ano, um outro deslizamento em uma área dentro do condomínio deixou os carros do estacionamento com lama na altura dos pneus.
"Saí correndo do trabalho quando comecei a ver as notícias. Sabemos que existe uma distância entre o túnel e o prédio, mas o medo é real. Na hora, fiquei pensando se eu chegaria ao prédio e encontraria minha casa ou não", disse uma moradora.
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"O barulho foi tão alto que acabei me assustando. Liguei para a portaria e o responsável me disse que nada havia acontecido com o prédio. Só fui ter dimensão do que ocorreu quando as notícias começaram a aparecer", contou uma dona de casa.
A situação não é nova. Jorge Fafians, síndico do prédio, diz que contratou um engenheiro florestal após o primeiro deslizamento, em fevereiro deste ano. Seu maior temor? Um gigantesco eucalipto (de 25m de altura) que cresceu exatamente entre o túnel e o prédio. A reportagem foi ao local e constatou que, além do eucalipto, há árvores caídas e que podem rolar para a cobertura do túnel.
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O laudo atesta que existe a possibilidade de a enorme árvore cair durante uma tempestade e danificar as estruturas do prédio e do túnel. O síndico protocolou o documento no Ministério Público, na Defesa Civil e na CET-Rio.
"Geo Rio e subprefeitura vieram e fizeram uma vistoria e comprovaram a gravidade. Inclusive, verificaram a situação da área em que ocorreu o deslizamento. Em abril, eles disseram que pediriam urgência para resolver a situação. Não houve tempo hábil para resolver uma parte do que foi atestado, mas o eucalipto continua lá", disse Jorge, que garante aos moradores que não há qualquer risco de o prédio desabar.
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Na sexta, três grupos da Comlurb iniciaram os trabalhos de remoção de entulhos do túnel. Foram retiradas 107,5 toneladas de resíduos.
Em um vídeo publicado em rede social, o prefeito Marcelo Crivella disse que o sábado seria de muito trabalho. "A entrada do túnel já está toda limpa. Nosso problema agora é escorar essa coluna e uma viga para poder trabalhar por cima e garantir que na encosta não tenha mais risco de escorregamento de terra", disse.
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