Rio - Na semana em que o Supremo Tribunal Federal (STF) retoma a votação sobre a criminalização da homofobia, o youtuber Spartakus Santiago denuncia que foi vítima de homofobia praticada por um motorista do aplicativo 99. O caso aconteceu neste domingo, quando Spartakus tentou pegar uma corrida no Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio.
Ele filmou a reação do motorista ao vê-lo se aproximando do carro (assista no vídeo mais abaixo). Nas imagens, o youtuber questiona: "Você não vai me levar no Andaraí por quê?", e pergunta por que ele cancelou a corrida. "Eu sou obrigado? Para de filmar essa p*** aí, seu viado", o motorista responde, e dá um tapa no celular dele. A 99 diz que o motorista foi banido do aplicativo.
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Em entrevista ao DIA, Spartakus contou que estava voltando de Porto Alegre (RS), onde participou de um evento sobre racismo. Até a chegada do motorista que lhe ofendeu, ele diz que vários outros cancelaram a corrida antes mesmo de o carro se aproximar do local onde ele estava.
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"Eu me aproximei do carro e mostrei que eu era o passageiro. Quando fui em direção ao porta-malas, ele me ignorou. Falei 'moço, eu sou o cara que pediu (a corrida)'. E ele disse 'não, não é você não'. Quando me dei conta e olhei para o aplicativo, tinha entrado outra corrida e o questionei porque ele cancelou. Ele disse que não iria me levar porque o Andaraí é área de risco", lembra.
Depois de ser chamado de "viado", Spartakus saiu do local com amigos que estavam com ele.
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"Pra mim é um combo de racismo, de classe social e homofobia. Com certeza se fosse um homem branco, louro e com nome estrangeiro ele iria me atender", reclama. "Estou em lugares onde as pessoas estão lutando contra isso. Se por um lado estou vivendo esse movimento, eu recebo um soco na cara, de que esse é o Brasil conservador, que esse é mesmo o Brasil, que foi o o último país a abolir a escravidão. Sou lembrado diariamente que eu não tenho o direito de voltar de uma viagem e ser feliz".
O youtube também fez uma série de vídeos no Stories do Instagram relatando o que aconteceu e questionando a postura do motorista; assista!
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MAIS DE 800 MIL SEGUIDORES
Com mais de 800 mil seguidores somando o Youtube, Instagram Facebook e o Twitter, Spartakus ficou conhecido exatamente por falar sobre casos de discriminação em suas publicações. O youtuber afirma que está consultando seus advogados para ter um apoio jurídico sobre o caso.
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"O único caminho que eu posso tomar é o jurídico. Acho um absurdo o racismo e a homofobia nesse país serem resolvidos com um pedido de desculpas. Desculpa não vai mudar o comportamento que a empresa deles tem. Eu quero ações. Essa medida de demitir é o básico", pede.
O youtuber conta que essa não teria sido a primeira vez que foi vítima de discriminação por motoristas da 99. De acordo com ele, há um mês ele estava acompanhado de um cantor negro, no Copacabana Palace, quando o motorista do aplicativo teria arrancado com o carro ao vê-los.
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"Da última vez que eu fui discriminado, eles (a 99) simplesmente me ligaram para colocar panos quentes. Me falaram que eles não podiam tomar maiores medidas, que eu tinha que criar um boletim de ocorrência, que eles iriam ver se era a primeira infração do motorista", alega.
MOTORISTA BANIDO
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Procurada pela reportagem sobre o episódio deste domingo, a 99 diz que sente muito pelo que Spartakus "vivenciou com um motorista da plataforma". A empresa alega que "essa não é a experiência que o aplicativo quer proporcionar aos passageiros".
"A 99 repudia qualquer forma de preconceito e tem uma política de tolerância zero em relação a isso. O motorista foi imediatamente banido do app. Além disso, a companhia está aberta a colaborar com as autoridades. As equipes internas de atendimento da empresa foram mobilizadas para dar todo o suporte. A 99 está trabalhando 24 horas por dia, 7 dias por semana, para prevenir esse tipo de caso, com orientações aos condutores para que tenham uma postura de respeito e gentileza com todos os passageiros", defende, em nota.
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Sobre o caso na Zona Sul (que aconteceu no dia 13 de abril), a 99 informa que também baniu o motorista na ocasião.
"A empresa possui uma equipe de segurança que analisa os reportes de incidente caso a caso e toma todas as medidas cabíveis, que podem incluir o banimento do condutor. O aplicativo orienta que as vítimas façam Boletim de Ocorrência para que a companhia possa acompanhar a denúncia enquanto as autoridades realizam a investigação", diz.
