"Eu recebi recursos no exterior, isso ocorreu em 2011. Recursos indevidos da minha atuação na Secretaria de Saúde e Defesa Civil, que engloba o Corpo de Bombeiros", disse Côrtes, que confirmou ao juiz que recebia propina por negócios nos Bombeiros, que era repartida com outros subcomandantes, responsáveis pelo setor de licitações.
Côrtes disse que o ex-governador Sérgio Cabral peguntou ao empresário Miguel Iskin, réu no processo e que atualmente se encontra preso, se ele conhecia empresas que representavam equipamentos e que, em reunião posterior, ficou definido que Iskin representaria multinacionais de equipamentos nas licitações. Ele disse ainda que o esquema de fraudes continuou após sua saída do governo.
Também foram ouvidos nesta quarta-feira a esposa de Côrtes, Verônica Fernandes Vianna, e os empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita. O advogado de Côrtes, Rafael Kullmann, admitiu que o dinheiro recebido por seu cliente não se tratava de caixa-dois para uma possível candidatura, mas sim de propina ligada à corrupção.
"A origem do dinheiro é de um ajuste ilícito. Corrupção. Não é caixa-dois de campanha, até porque não houve campanha", disse Kullmann à imprensa, após o interrogatório.
O advogado que representa Iskin e Estellita, Alexandre Lopes, negou que Iskin tivesse pagado propina a Côrtes e que o dinheiro seria para uso eleitoral. Ele também negou que seu cliente tivesse ligação com supostos casos de corrupção nos Bombeiros. "O Miguel Iskin alega que o dinheiro era para uma base parlamentar futura e hoje o Côrtes fala que era vantagem indevida. Na visão da defesa do Miguel, isso não era propina. (Sobre a corrupção nos Bombeiros) o Miguel Iskin desconhece esse fato", sustentou Lopes.
A Secretaria de Estado de Defesa Civil foi desvinculada da Secretaria de Estado de Saúde em junho de 2011. A corporação informa que desconhece o conteúdo das declarações e está a disposição das autoridades caso seja necessário.
Histórico
Posteriormente, quando outras empresas nacionais passaram a preencher os requisitos exigidos, Côrtes adotou a estratégia de realizar pregões internacionais para a compra de equipamentos.
Ao assumir o governo do estado em 2007, Cabral nomeou Côrtes como secretário de Saúde. Na pasta, ele implantou um esquema de corrupção, cartel e fraude em licitações nos moldes similares ao praticado no Into, sempre com a participação de Iskin e Estellita.