Com medo da chikungunya, o jovem Daniel Nogueira, de 26 anos, providenciou um verdadeiro estoque de repelentes para sua família - Armando Paiva / Agência O Dia
Com medo da chikungunya, o jovem Daniel Nogueira, de 26 anos, providenciou um verdadeiro estoque de repelentes para sua famíliaArmando Paiva / Agência O Dia
Por Renan Schuindt e Lucas Cardoso
Rio - Com o aumento considerável no número de casos de chikungunya nos últimos cinco meses em relação ao mesmo período do ano passado (142%), o carioca demonstra que está mais precavido com a doença. Um levantamento feito pelo O DIA junto às farmácias revela que, nos últimos dois meses, a procura por repelentes aumentou em média 50%. Em Campo Grande, bairro com o maior índice de casos em toda a cidade, a forte demanda levou os estabelecimentos a dobrarem o estoque do produto. A doença é transmitida pelo Aedes aegypt, assim como a zika e a dengue.
“Repelentes naturais, como citronela e cravo da índia, são eficazes. Porém, o tempo de proteção é bem menor. Já a vela, pode afastar alguns mosquitos, mas não todos. São estratégias paliativas”, explica o infectologista Alberto Chebabo. Ainda segundo o médico, o uso do repelente convencional proporciona uma proteção maior, mas é preciso estar atento ao tempo que cada fabricante recomenda para uma nova aplicação. “Se a pessoa suar muito ou esquecer de aplicar em alguma parte do corpo, ainda assim poderá ser picada. Cada marca tem uma composição diferente, o que leva a um tempo específico de proteção”, diz o especialista.
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Nas prateleiras das farmácias, o aumento de casos da doença foi sentido pelos gerentes. Na Drogaria Pacheco, em Campo Grande, o estoque precisou de um carregamento extra. “Estamos trabalhando com o estoque dobrado. Só hoje, vendemos 52 unidades de uma única marca, fora as demais”, enumera Arquimedes Sales. Ainda segundo o gestor, dois de seus funcionários estão de licença devido à doença. Morador do bairro, o administrador Marcelo Setúbal diz que a família mantém o hábito de se proteger. Segundo ele, o medo de contrair a doença tem sido grande. “Tomamos todas as medidas. Além de
 epelente, usamos inseticida e temos muito cuidado com os foscos do mosquito”, afirma.
Dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) mostram que em Campo Grande foram 1.027 casos da doença este ano. O que representa um aumento de 21% em relação ao mesmo período de 2018. Bangu, que fica na mesma região, aparece em segundo lugar em número de casos. São 575 registros.
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Ainda segundo a SMS, somente este ano, 11.392 cariocas foram afetados pela chikungunya. Este número já é maior que o total de casos ocorridos durante todo o ano de 2018, quando foram contabilizados 10.693 casos.
Já na Zona Norte, no bairro do Cachambi, Daniel da Silva Nogueira também demonstra receio com o vírus. “Tenho comprado repelente desde que descobri a doença, estou me protegendo de todas as formas”, avisa.
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ÍNDICES ELEVADOS
Dados do Ministério da Saúde mostram que o Sudeste é aquela com o pior quadro. Dos 15.352 casos ocorridos no país, cerca de 10 mil aconteceram em algum estado da região, equivalente a 66,5% deste total. No Rio, a média é uma das mais altas. São 47,7 casos para cada 100 mil habitantes, bem acima da média nacional, que tem 7,4 casos para cada 100 mil habitantes. Na opinião do infectologista Edimilson Migowski, o maior problema é a vulnerabilidade. “A única forma de combater essa expansão é reduzindo o número de criadouros”, finaliza o especialista.