Ato "Parem de nos matar", na Praia de Ipanema - Estefan Radovicz / Agência O Dia
Ato "Parem de nos matar", na Praia de IpanemaEstefan Radovicz / Agência O Dia
Por Gabriel Sobreira
Rio - A marcha "Parem de nos matar", contra a política de confronto no governo do Rio Wilson Witzel, levou 350 pessoas à orla de Ipanema, Zona Sul da cidade, na manhã deste domingo. O movimento foi coordenado por moradores de favelas do Rio, com apoio de movimentos sociais e teve a participação de parentes de vítimas assassinadas durante ações policiais.

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Ato "Parem de nos matar", na Praia de Ipanema Estefan Radovicz / Agência O Di
O filho de Bruna da Silva foi morto a caminho da escola no Alemão Estefan Radovicz / Agência O Di
Ato "Parem de nos matar", na Praia de Ipanema Estefan Radovicz / Agência O Dia
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Uma delas foi Deise Carvalho, mãe de Andreu Luiz da Silva, assassinado no dia 1 de janeiro 2008. “Não somos aves para sermos abatidos. Não votei no governador (Wilson Witzel) nem no Bolsonaro (presidente da República Jair Bolsonaro). Chega de ver paredes salpicadas de sangue dos nossos filhos, vizinhos, parentes, amigos. Não aguento mais ver vizinhos gritando ‘mataram meu filho’. A segurança pública deveria proteger. Somos seres humanos. Queremos o direito de ir e vir e o direito de criar nossos filhos, de sermos avós. Os mortos têm voz e estamos aqui para mostrar isso”, protestou ela.

Bruna da Silva, mãe do Marcos Vinícius, assassinado aos 14 anos, a caminho da escola, no Complexo da Maré, no dia 20 de junho de 2018, com um tiro de fuzil na lombar, exige mudança imediata. “Botaram o governador e a gente pode tirar. A polícia entra com braço armado. Queremos uma segurança pública que funcione e não que mate nossos filhos a caminho da escola e dentro dela”, disse Bruna.
Para Cláudia Vitalino, uma das organizadoras do ato, o encontro desta manhã começou a tomar forma em 2015 quando cinco jovens inocentes foram assassinados por PMs dentro de um carro em Costa Barros, Zona Norte do Rio, com mais de 111 tiros. “Primeiro foram aqueles jovens, que comemoravam o primeiro salário e foram assassinados com 111 tiros. Recentemente, teve aquele carro com família que levou mais de 200 tiros (ação do Exército em Guadalupe que resultou na morte do músico Evaldo Rosa dos Santos e do catador Luciano Macedo, no último 7 de abril). De lá para cá fomos organizando esse evento para hoje”, explicou Cláudia.
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Ela é integrante de um movimento negro, mas defende que o protesto é um ato aberto. "Cada um vem com sua bandeira. É um ato de moradores de favela. Estou aqui como moradora de favela. Independente da minha organização, que é o movimento negro. Cada pessoa tem uma arma apontada pra testa e não sabe se vai voltar. É um grito de basta”, afirmou Claudia.