Manifestantes realizam ato em apoio ao governo do presidente Jair Bolsonaro na orla de Copacabana - César Sales/Am Press e Images/Estadão Conteúdo
Manifestantes realizam ato em apoio ao governo do presidente Jair Bolsonaro na orla de CopacabanaCésar Sales/Am Press e Images/Estadão Conteúdo
Por Martha Imenes e Gabriel Sobreira
Rio - Atos a favor do governo Bolsonaro, em prol do pacote anticrime de Moro e da Reforma da Previdência ocorreram ontem em 156 municípios em 26 estados e no Distrito Federal. As manifestações centraram críticas não só no Centrão - que agrega vários partidos -, como no presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em Copacabana, Zona Sul do Rio, pessoas vestidas de verde e amarelo se concentraram na orla. A Polícia Militar não fez a estimativa do número de presentes ao ato que acabou as 17h. Mas, segundo cálculos de um especialista em arquitetura e urbanismo, participaram cerca de 60 mil pessoas.
"O trecho entre as ruas Sá Ferreira e Xavier da Silveira tem cerca de 700 metros. A largura de cada pista é de uns 11 metros, o canteiro central tem cerca de 8 metros. Então, se calcularmos 30 metros por 700 metros, dá 21 mil m²", explicou.
Ainda segundo ele, apenas em dois trechos a multidão ocupava duas pistas. "Vamos considerar então uns 70% dessa área para efeito de cálculo. Dá uns 15 mil m². Se colocarmos quatro pessoas por m², uma lotação bem razoável, dá 60 mil pessoas".
"Bolsonaro é o cara. Tinha que ter mais. Somos vizinhas do lado dele", conta a fisioterapeuta Gilvana Delfino, 50 anos, que estava acompanhada da empresária Gynna Melo, 41. As duas estavam com o rosto pintado e fazendo selfies.
A manifestação começou as 10h na altura do Posto 5, em Copacabana. Cerca de 12 carros de som se espalharam pela orla. Eles tocavam funk com exaltação ao presidente, fiéis rezavam e gritavam palavras de ordem com faixas enaltecendo o governo e criticando desafetos.

São Paulo
Nas aglomerações de domingo em São Paulo, a mobilização pró-reformas teve mais destaque do que a defesa do presidente. Nos principais pontos de encontro, como a Avenida Paulista os participantes ficaram espalhados por quarteirões, e não concentrados, sendo possível se deslocar sem dificuldade.
O número de manifestantes foi visivelmente menor que na manifestação da semana passada em prol da educação, mas mesmo assim a Polícia Militar não deu estimativa oficial do público.

Bolsonaro comemora no Twitter
No Twitter, Bolsonaro escreveu que "a maioria da população foi às ruas com pautas legítimas e democráticas". "Há alguns dias atrás (sic), fui claro ao dizer que quem estivesse pedindo o fechamento do Congresso ou STF hoje estaria na manifestação errada. A população mostrou isso", escreveu no microblog.
"Sua grande maioria foi às ruas com pautas legítimas e democráticas, mas há quem ainda insista em distorcer os fatos", completou Bolsonaro.
Durante o dia o presidente postou no Twitter vídeos das manifestações que recebia de simpatizantes e correligionários em todo país. Ainda ontem, Bolsonaro e a mulher, Michelle, participaram de um culto evangélico.
O presidente voltou a falar sobre as manifestações e disse que os atos são um "recado aos que teimam com velhas práticas" e, segundo afirmou, não permitem que o "povo se liberte". O presidente voltou ontem mesmo para o Palácio da Alvorada, em Brasília.

Principais mudanças na Previdência
A Reforma da Previdência defendida ontem pelos manifestantes está em tramitação na Câmara. O texto, entregue pelo ministro da Economia Paulo Guedes, prevê algumas alterações significativas no sistema previdenciário. Entre eles cria a idade mínima para que o trabalhador possa pedir aposentadoria, sendo mulheres aos 62 anos e homens, 65. Atualmente podem pedir aposentadoria mulheres com 30 anos de contribuição ou 60 de idade, e homens com 35 de recolhimento ou 65 de idade.
Outro ponto que a proposta altera é o cálculo do benefício. Hoje o instituto usa as 80% maiores contribuições e descarta as 20% menores e aplica uma média aritmética. Na reforma, essa média passa para 100%, as menores também entrarão no cálculo.
O cálculo da pensão por morte também muda: hoje viúvas (os) recebem 100% do benefício. Na proposta esse percentual vai a 60% para o principal e 10% para cada dependente, sendo limitado a 100%.
Com Agências