Vítimas da chacina em São Gonçalo: Janete Bezerra dos Santos Ribeiro, de 48 anos; José Luiz Caetano; Fábio Rosa de Souza, de 41 anos; e Valdir Pinto Oliveira Sobrinho, 61 anos
 - Montagem sob reproduções
Vítimas da chacina em São Gonçalo: Janete Bezerra dos Santos Ribeiro, de 48 anos; José Luiz Caetano; Fábio Rosa de Souza, de 41 anos; e Valdir Pinto Oliveira Sobrinho, 61 anos Montagem sob reproduções
Por Adriano Araujo e Rafael Nascimento
Rio - A chacina que matou quatro pessoas e feriu outras sete em Porto Velho, São Gonçalo, teria sido uma represália do tráfico de drogas após perder o controle da região para a milícia. As vítimas confraternizavam junto às famílias com churrasco, bebida e música após uma partida de futebol, em um encontro que acontece há 30 anos. Morreram a comerciante Janete Bezerra dos Santos Ribeiro Pinto, 48 anos; Fábio Rosa de Souza, 41 anos; o professor de espanhol José Luiz Caetano, 56 anos; e o pintor Valdir Pinto Oliveira Sobrinho, 61 anos. Segundo a polícia, nenhuma das vítimas tinha passagem pela polícia. De acordo com a delegada Bárbara Lomba, da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI), quatro criminosos de coletes, possivelmente do Morro do Feijão, seriam os responsáveis pelo ataque ao bar da Brahma, onde as vítimas faziam a confraternização.
"Em princípio não havia alvo definido (no ataque) porque as pessoas não tinham antecedentes criminais. A linha de investigação está em aberto — não podemos afirmar qual a motivação e quais são os autores. Mas, há duas linhas. Em princípio, disseram que poderiam ser (ações) de criminosos da região, mas isso para uma investigação não pode ser adotado como verdade. Temos que trabalhar com outras possibilidades, porque a região há tempos já sofre com disputas territoriais entre o tráfico e grupos de milicianos. A segunda linha seria outros grupos interessados no domínio da região, talvez, dissimulando uma ação para que a polícia vá atrás do lado errado. Pode haver uma tentativa de confusão. As equipes estão no local, fizemos perícias, estamos obtendo imagens para resolver o mais rápido possível esse caso", disse Bárbara.

"Pode se dizer que houve uma tentativa de roubo, algo deu errado e eles atiraram. Porque eles foram em outro bar e assaltaram outras pessoas. Ou criminosos foram lá para atacar milicianos ou ao contrário —foram lá para mandar algum recado. Temos a informação que houve disparos no primeiro bar onde havia uma confraternização e, em seguida, eles foram para um outro bar, assaltaram as pessoas e deram tiros para o alto. Sabemos que foi o mesmo grupo", afirmou.

A delegada disse ainda que a polícia não descarta nenhuma hipótese para o caso. "Pode ter havido um roubo, ação do tráfico ou ação de milicianos porque todos têm interesse na região. Buscamos dados concretos. Em São Gonçalo eles estavam de cara limpa e estavam em um HB20 escuro chegou ao local e realizou varias disparos. Foram para o Campo da Brahma, em Porto Velho, e já chegaram atirando e acabaram matando as pessoas. Logo em seguida foram para o Bar Prea, no Gradim, roubaram os pertences das vítimas e deram tiros para o alto. Essas duas ações nos causam estranheza — pois elas não correspondem às ações dos criminosos que atuam na região. Então, isso nos desperta e chama a atenção para ações de outros motivos. A região sofre com a disputa entre tráfico de drogas e milícia", finalizou.
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Galeria de Fotos

Manchas de sangue em bar onde ocorreu chacina em Porto Velho, no Campo da Brahma, em São Gonçalo Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Bar onde ocorreu chacina em Porto Velho, no Campo da Brahma, em São Gonçalo Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Chacina em Porto Velho, no Campo da Brahma em São Gonçalo. Inicialmente são 9 baleados com 4 mortos. Foto: Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Bar onde ocorreu chacina em Porto Velho, no Campo da Brahma, em São Gonçalo Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Bar onde ocorreu chacina em Porto Velho, no Campo da Brahma, em São Gonçalo Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Bairro Porto Velho, no Campo da Brahma em São Gonçalo, onde ocorreu chacina com quatro mortos e sete feridos Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Marca de tiro na porta do bar onde ocorreu chacina em Porto Velho, no Campo da Brahma, em São Gonçalo Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Bar onde ocorreu chacina em Porto Velho, no Campo da Brahma, em São Gonçalo, ficou com várias marcas de tiro Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Alguns feridos foram levados para o Pronto Socorro Central de São Gonçalo Reprodução / Internet
Ataque aconteceu a bar no bairro Porto Velho, em São Gonçalo Reprodução / Internet
Quatro testemunhas já prestaram depoimento à DHNSGI, uma delas um sobrevivente que foi atingido por dois tiros nas pernas, que foi medicado no hospital e depois liberado. Em seu relato, ele afirma que a tragédia poderia ter sido pior, pois momentos antes tinham crianças e mulheres no local. A 72ª DP (São Gonçalo) vai auxiliar a investigação da especializada.
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De acordo com o chefe do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), delegado Antônio Ricardo Nunes, todos os onze baleados — entre mortos e feridos — não tinham passagem pela polícia.
Casal comemorava aniversário de casamento
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O dia da chacina foi aniversário de casamento da Janete Bezerra e ela saiu com o marido, que também foi baleado e está internado, para comemorar os mais de 20 anos de relacionamento. Logo em seguida, eles pararam no bar onde o crime aconteceu. O vídeo acima mostra o casal dançando no bar. Moradores contaram que o casal tinha três filhos. Janete completaria 59 anos no próximo dia 15 de junho. 

Moradores contaram que todas as vítimas mortas e feridas são moradoras da região. Sem se identificar, os populares afirmaram que nenhuma vítima tinha envolvimento com quaisquer crime. O bar oferecia almoço e o local estava lotado horas por conta do jogo do Flamengo. Em seguida, o grupo começou a fazer churrasco no bar.
 
Janete aparece dançando com o marido momentos antes da chacina. Eles comemoraram no dia aniversário de casamento - Reprodução vídeo
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Quem são as vítimas fatais
- Janete Bezerra dos Santos Ribeiro Pinto, 48 anos, comerciante;
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- Fábio Rosa de Souza, 41 anos;
- O professor de espanhol José Luiz Caetano, 56 anos;
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- O pintor Valdir Pinto Oliveira Sobrinho, 61 anos
Vítimas baleadas que sobreviveram
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- P.R.N., 53 anos, passou por cirurgia e está o CTI;
- R.A.G., 46 anos. Baleado no abdômen, foi operado e está no CTI; 
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- J.C.S., 45 anos, baleado na perna;
- J.M.C, 41 anos, baleado na perna;
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- W.J.S., 46 anos, baleado na perna;
- C.A.S.M., 46 anos, baleado na perna;
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- E.R., de 52 anos, está em observação.