Giorno pretendia ser candidato a prefeito nas eleições de 2020 - Reprodução
Giorno pretendia ser candidato a prefeito nas eleições de 2020Reprodução
Por RAFAEL NASCIMENTO
Rio - O jornalista Robson Giorno, de 45 anos, foi vítima de uma emboscada e induzido a sair de casa, segundo a delegada Bárbara Lomba, da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI), responsável pelo caso. O dono do jornal "O Maricá”" foi morto a tiros na noite do último sábado, na porta de casa, no bairro do Boqueirão, em Maricá, na Região Metropolitana do Rio
O homem, que era filiado ao partido Avante, também era pré-candidato à prefeitura do município nas eleições de 2020. Ele estaria há algum tempo sofrendo ameaças por sua atuação. 
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Segundo a delegada, o jornalista foi vítima de uma execução e foi alvejado por seis tiros. Os peritos não encontraram os cartuchos . "Robson fazia críticas às políticas da cidade. Sabemos que foi crime planejado. No domingo, fomos ao local e conseguimos várias imagens e testemunhas. Não descartamos nada. Foi uma execução. Os criminosos já esperavam a vítima. Ele usava carro blindado, mas no momento ele não estava no veículo", conta Bárbara Lomba. 
"O crime foi planejado para que a vítima não estivesse no carro. Nós vamos buscar a possível motivação. Com quem ele estava lidando, quem ele estava criticando e se havia alguma divergência. Temos que reconstitui os passos da vítima. Não podemos descartar nada. Entretanto, podemos dizer que o crime foi por conta tá atividade da vítima", completa a delegada. 
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Giorno chegava à pé em sua casa quando foi surpreendido por criminosos armados em um Fiat Pálio cinza. "A vítima saiu de casa por volta das 22h para realizar uma atividade e aí entendemos,que ele foi levado e no momento que havia saído de casa passou um carro e atirou. Acreditamos que ele foi induzido a sair de casa”, diz Bárbara. 
"Pode ser um crime de liberdade de expressão, como pode ser também um crime de razões políticas. A esposa dele virá a delegacia prestar depoimento nesta semana. Tivemos acesso às câmeras de segurança e vimos que um dos homens, o que atirou, estava encapuzado, mas pode ter mais", conclui a delegada.
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A prefeitura de Maricá manifestou pesar pela morte do jornalista em comunicado oficial. "A Prefeitura de Maricá manifesta seu pesar pela morte trágica do jornalista Robson Giorno e espera que as investigações conduzam rapidamente à identificação e punição dos responsáveis. Assim como reiteramos nosso compromisso com a liberdade de imprensa e de expressão, repudiamos também qualquer ato de violência. Reafirmamos ainda nossa permanente preocupação com a segurança de todos os que vivem e trabalham em Maricá. Nossos sentimentos à família."
O jornal "O Maricá" e Robson vinham denunciando em suas publicações políticos que estavam envolvidos com corrupção e possíveis irregularidades na cidade.
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O jornalista havia publicado uma reportagem contra o deputado federal pelo PSL, Filippe Poubel. À época, Robson afirmou que o parlamentar havia comprado uma mansão na cidade avaliada em quase R$ 1 milhão. Segundo a reportagem, o parlamentar não teria condições de adquirir o imóvel, já que ele teria declarado ter bens de apenas R$ 55 mil. No dia seguinte a reportagem, Robson usou as redes sociais onde afirmou que iria à Polícia Federal para que a denúncia da matéria fosse investigada pelo órgão.
O corpo do jornalista foi enterrado no Cemitério do Caju, Zona Norte do Rio, no fim da tarde desta segunda-feira. Amigos e parentes acompanharam o sepultamento e não falaram com a imprensa.

Em nota, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) lamentou o assassinato de mais um jornalista. “O Brasil, infelizmente, segue como um dos países com maior número de mortes de jornalistas e radialistas. Uma das razões para esse triste título é a frequente impunidade dos criminosos que atentam contra a liberdade e o direito da população de ter acesso à informação”, destacou a ANJ.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), por sua vez, ressaltou que colocará seus recursos em favor da investigação do crime. “(A entidade mobilizou) a equipe do Programa Tim Lopes (que atua para combater a impunidade em crimes envolvendo comunicadores) para colher informações, podendo ampliar a investigação para que o caso seja devidamente apurado, se houver indícios de relação entre a morte e a atividade jornalística da vítima”.



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