Luzimar foi baleada e morreu na hora - reprodução
Luzimar foi baleada e morreu na horareprodução
Por RAFAEL NASCIMENTO
Rio - Há quatro meses, a família de Luzimar S. Oliveira, de 49 anos, viveu o luto pela perda do pai da auxiliar de serviços gerais por causa de um câncer. No fim da madrugada desta quarta-feira, pouco tempo depois, parentes e amigos de Luzimar voltam a ter contato com o sentimento de perda, pela morte dela.
Ela foi atingida no peito por volta das 4h30 de hoje, quando seguia para o trabalho de ônibus. O tiroteio aconteceu entre policiais militares que estavam à paisana no veículo e dois bandidos que anunciaram um assalto. Ela morreu no local e outras duas pessoas foram levadas baleadas ao Hospital Salgado Filho, no Méier.
Publicidade
"Ela ajudava todo mundo, pegava a roupa do corpo e dava. Se precisasse de qualquer coisa, ela ia para a casa dela e pegava. Sempre que precisei dela, ela nunca falou 'não'", conta o comerciante Alcemir Pereira da Silva, de 48 anos, primo de Luzimar.
Alcemir diz que a auxiliar de serviços cuidou do pai, que ficou acamado por causa do câncer, até sua morte. Ela era casada, tinha dois filhos e dois netos.
Publicidade
"Deixou marido, dois filhos, um casal de netos, que levava todo dia para dançar balé, para o colégio. E agora? Os netos vão perguntar 'aonde tá minha avó? Quem vai me levar para o colégio?'", Alcemir lamenta, emocionado.
Luzimar foi baleada e morreu na hora - Arquivo Pessoal
'SAIU DE CASA 4H'
Publicidade
Moradora de Realengo, também na Zona Oeste, Luzimar deixou sua residência por volta das 4h desta quarta. Ela entrou no ônibus em um ponto já na Estrada Intendente, onde aconteceu o crime. Assim que subiu no veículo, os assaltantes pegaram a mesma condução, pagaram a passagem e anunciaram o assalto.
"Todo dia ela acordava cedo, a essa hora, com chuva ou com sol", afirma Alcemir. "Mais uma trabalhadora, mais caras roubando trabalhadora, marmita de trabalhador, aonde a gente vai desse jeito assim?", o comerciante questiona.
Publicidade
As marcas de tiros disparados pelos policiais e os bandidos ficaram por todo o ônibus, principalmente próximo ao motorista e na parte de trás do veículo. O filho da auxiliar de serviços gerais esteve no local e não soube imediatamente da morte da mãe.
"Ele achou que ela estava no hospital. Disse que se acontecer qualquer coisa com a mãe, ele vai junto", diz o primo de Luzimar.
Um dos filhos de Luzimar esteve no local - WhatsApp O DIA (21) 98762-8248
Publicidade
ROTINA DE VIOLÊNCIA
O local onde aconteceu o assalto seguido de morte é conhecido pela rotina de violência. A fisioterapeuta Mayra Lane de Sá, 31, que mora bem próximo, diz que os moradores estão "reféns da violência".
Publicidade
"Por ser próximo da Praça seca, há assaltos constantes. Tenho vários amigos que já foram assaltados por homens de motos e em carros que passam a qualquer hora do dia e levam tudo o que eles acham de valor", conta.
A fisioterapeuta diz que não há hora para os assaltos. Ela evita usar o celular na rua para que ele não seja roubado.
A auxiliar de serviços gerais foi atingida por um tiro no peito - WhatsApp O DIA (21) 98762-8248
Publicidade
"Infelizmente, a criminalidade aumentou muito aqui no bairro. Moro aqui desde que nasci e não sei se serei ou não a próxima vítima. As pessoas já estão se acostumando com a violência", lamenta.
A arquiteta Cláudia Costa, 46, chega a evitar usar o celular até mesmo dentro do ônibus e também adota outra tática para não entrar nas estatísticas da violência.
Publicidade
"É comum ter assaltos em ônibus aqui na região. Eu evito usar celular dentro do ônibus ou sentar nos bancos traseiros. Mas, infelizmente, estamos à mercê da criminalidade", reclama.
A perícia foi feita pela Delegacia de Homicídios da Capital - WhatsApp O DIA (21) 98762-8248