Sheila Machado de Oliveira foi morta, aos 28 anos, após ser atingida por uma bala perdida em junho, durante uma operação da Polícia Militar no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio - Reprodução redes sociais
Sheila Machado de Oliveira foi morta, aos 28 anos, após ser atingida por uma bala perdida em junho, durante uma operação da Polícia Militar no Complexo da Maré, Zona Norte do RioReprodução redes sociais
Por LUANA BENEDITO
Rio - Uma mulher, identificada como Sheila Machado de Oliveira, 28 anos, foi morta após ser atingida por uma bala perdida, nesta quarta-feira, durante uma operação da Polícia Militar no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio. A ação da PM acontece pelo terceiro dia consecutivo no conjunto de favelas.
Sheila estava indo trabalhar quando foi atingida pelo disparo. Ela chegou a ser levada para a UPA da Vila Pinheiro mas, segundo a Secretaria Estadual de Saúde, já deu entrada sem vida na unidade. Segundo relatos de testemunhas, a vítima deixa três filhos. Além dela, outras quatro pessoas ficaram feridas durante a operação de hoje, incluindo um policial militar. O trecho da Linha Vermelha no local foi fechado.
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A corporação informou que durante as ações, um PM foi atingido no pé e socorrido ao Hospital Central da Polícia Militar (HCPM) no Estácio. O estado de saúde do militar é estável. Um outro baleado mencionado pela polícia foi Paulo Roberto Taveira, conhecido como "Cara Preta" e ele foi socorrido ao Hospital Geral de Bonsucesso. 
Segundo a PM, "Cara Preta" constava como foragido da Justiça desde julho de 2017 e é apontado como uma das lideranças do tráfico da comunidade Chapéu Mangueira.
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Paulo Roberto Taveira, conhecido como Cara Preta - Divulgação

 
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Em nota, a Polícia Militar havia informado que três pessoas, não identificadas, deram entrada por meios próprios em hospitais da região "feridas por disparos de arma de fogo". Um senhor de 65 anos levado ao Hospital Getúlio Vargas tem estado de saúde estável, segundo a unidade. Já uma outra vítima foi atendida e liberada. 
De acordo com informações da Delegacia de Homicídios (DH) da Capital, foi instaurado inquérito policial para apurar as circunstâncias da morte de Sheila. A perícia foi realizada no local e policiais fazem buscas pelos autores do crime.
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ONG denuncia violações
A ONG Redes da Maré denuncia violações dos agentes de segurança como casas invadidas, carros arrombados, muitos e violentos confrontos armados. A organização relata que recebeu ainda informe de celulares revistados sem mandado judicial em vários pontos das cinco favelas — Conjunto Esperança, Vila do João, Vila do Pinheiro, Conjunto Pinheiro e Salsa & Merengue — onde a operação acontecia.
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O Ministério Público do Estado (MPRJ) informou que o Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp) receberá representantes da Maré ainda hoje. A Defensoria Pública acompanhará as denúncias dos moradores. 
"Hoje ainda, é possível que algumas famílias deponham no MP. Dependendo do relato, o MP vai abrir a apuração e a Defensoria vai acompanhar. Vamos notificar as polícias perguntando se os protocolos foram atendidos e levar isso ao Tribunal", disse Pedro Strozenberg, ouvidor da Defensoria Pública. 
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Marcas de sangue em uma das vias da Maré - Reprodução / Redes da Maré
Procurada pelo O DIA, a PM não havia comentado sobre as denúncias de violações até a publicação desta reportagem. No entanto, em nota divulgada nesta terça-feira, a corporação disse que "como tem demonstrado ao longo de sua história, a corporação não coaduna e pune com o máximo rigor qualquer desvio de conduta em seus quadros, conduzindo os processos apuratórios com base na legislação vigente."
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"Vale ressaltar que a Corregedoria da Polícia Militar disponibiliza canais para receber denúncias de ações ilícitas envolvendo policiais militares, garantindo o anonimato do denunciante. As denúncias podem ser encaminhadas pelo WhatsApp através do número (21) 97598-4593; pelo telefone (21) 2725-9098 ou ainda pelo e-mail denuncia@cintpm.rj.gov.br", completou a PM, em nota. 
Mais de 14 horas de operação
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Nas redes sociais, moradores relatam o intenso tiroteio nas comunidades que acontecem a ação do  Comando de Operações Especiais (COE), Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq), do Batalhão de Ações com Cães (BAC) e do Grupamento Aeromóvel (GAM).
"Muito tiro aqui na Baixa relatou um", escreveu um morador. "A operação vai durar 24 horas?", indagou outro. "Morre mãe de três filhos pequenos", lamentou mais uma. 
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PM apreende uma tonelada de maconha 
A Polícia Militar informou que ao menos uma tonelada de maconha foi apreendida até o momento, durante a operação. Além da droga, um simulacro de fuzil, três carregadores de pistola, uma espingarda, entre outros materiais foram apreendidos. 
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*Estagiária sob supervisão de Thiago Antunes