Por Bruna Fantti
Rio de Janeiro - A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e o Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp) identificaram um agente penitenciário como sendo o autor da ameaça de morte ao promotor André Guilherme Tavares, que atua na Execução Penal. A tentativa de coagir o promotor ocorreu em 2017, via áudio de WhatsApp, e foi revelada pelo DIA na época.

As investigações concluíram que Cláudio Silva dos Santos queria que a gravação chegasse até o conhecimento de Tavares para que ele se sentisse intimidado e não se opusesse mais em relação à transferência de ex-policiais militares que cumpriam pena no Complexo Penitenciário de Bangu.

Alguns agentes, expulsos da corporação e presos no presídio Bandeira Stampa (Bangu 9), entravam com pedidos liminares na Justiça para serem enviados ao BEP (Batalhão Especial Prisional) da PM, em Niterói. Tavares, por sua vez, emitia pareceres contrários às transferências, já que o BEP é um batalhão prisional para policiais ainda não condenados em última instância.

Para chegar à autoria do áudio, a Draco e o MP realizaram duas perícias de voz, ambas autorizadas pelo inspetor investigado. A primeira foi baseada em uma gravação realizada com um gravador comum, durante depoimento do agente na especializada. Já o segundo exame foi realizado com aparelhos específicos para a captação de voz, por peritos do próprio Ministério Público. Os dois resultados apontaram o agente penitenciário como o autor do áudio da ameaça. Apesar disso, ele negou aos investigadores sua participação.

A voz de Santos foi comparada com ao áudio da ameaça enviada pelo WhatsApp, que dizia: "Fala aí amigo, comé que tá? Tudo tranquilo? Coroa mandou um toque aqui...que manda na cadeia. (Ele) deu um toque que os amigo não atravessou ainda pra Niterói porque aquele f* da p*, tal de promotor lá, mané, tal de, de André, tá encrencando lá, tá entrando no caminho. O negócio é a gente resolver, mano, o destino dele, vê o que a gente faz. Ele anda com segurança, mas a gente dá um jeito, mano, a gente anda mais pesado” (sic).

A juíza da 19ª Vara Criminal, Lúcia Regina de Magalhães, acatou no dia 02 de agosto o pedido do Ministério Público para que dos Santos responda por coação no curso do processo, ou seja, uma ameaça com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio. A investigação não conseguiu identificar quem seria a pessoa com o apelido 'Coroa' ao qual o agente faz referência ou outro envolvido no esquema.

Procurada, a Secretaria de Administração Penitenciária afirmou que ainda não foi notificada sobre o caso. "Caso seja comprovada a autenticidade da ameaça será instaurado procedimento apuratório", disse, em nota. O promotor André Guilherme Tavares não quis se manifestar a respeito.