Bombeiros isolaram o local e realizaram os resgates - Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
Bombeiros isolaram o local e realizaram os resgatesReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Por RAFAEL NASCIMENTO
Rio - Uma casa de quatro andares desabou na manhã desta segunda-feira na comunidade Vila Sapê, em Curicica, na Zona Oeste do Rio. Uma jovem identificada como Raiane Silva Martins, de aproximadamente 21 anos, e Nicolas Domingos Martins, 3 anos, ficaram cerca de quatro horas debaixo dos escombros. Moradora da casa que caiu, a própria jovem pediu socorro aos bombeiros pelo celular. As duas vítimas foram socorridas para o Hospital Municipal Lourenço Jorge. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, as vítimas estão lúcidas, passando por atendimento médico. 
Moradores e vizinhos fizeram uma vigília durante o resgate. Segundo relatos, a casa ruiu no momento em que o pai de Raiane se preparava para levar o pequeno Nicolas para creche, por volta das 6h30. No momento do desabamento, cinco pessoas estavam no imóvel, no entanto, apenas três conseguiram sair sem ajuda dos Bombeiros. Mãe e filho estavam dentro do quarto, no segundo piso da casa. 
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"Eles moram há muitos anos nesse bairro e nessa casa há quatro anos. Escutei o barulho, foi uma coisa horrível. Ontem teve uma festa de dia dos pais e hoje aconteceu essa tragédia. A casa é nova, o problema é o solo que não aguenta esse tipo de casa", relatou Nair Tadeu da Silva, 63, vizinha das vítimas, explicando que a casa fica próxima ao Rio Gerenguê – o que deixa o terreno sempre úmido. 
O pai da Raiane e avô do Nicolas, Uildes Santos Martins, contou que estava em casa no momento da queda do imóvel e que tentou resgatar a filha e o neto antes da chegada dos Bombeiros. "Ela pediu pra abrir a porta para levar o Nicolas. Quando ela desceu, eu ouvi, desmaiei e acordei tentando levantar (no meio dos escombros). Ela já ia sair pro colégio e o telefone estava no rosto dela. Agora, graças a Deus, estou bastante agradecido. Eu que fiz essa casa, eu queria minha família toda próxima. Eu estava tentando resgatar antes dos Bombeiros chegarem. Me cortei mas não tem problema. Eu queria pegar ela, tirar ela. Nicolas estava nos pés dela e ela falava que não sabia se ele estava vivo e que ele estava desmaiado", contou emocionado. 
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Outro vizinho das vítimas contou que escutou os gritos no momento do desabamento. "Quando eu acordei, a geladeira já estava quase caindo em cima de mim. Eu acordei meu irmão, a gente levantou e empurrou a geladeira. Aí eu escutei, do primeiro barraco, a mãe e o filho gritando 'Meu filho, meu filho, me ajuda!' e daqui a pouco alguém conseguiu tirar o filho dela. Depois, a gente soube da outra mãe e o filho presos no outro barraco", contou Josué da Silva. 
"Ela mandou os áudios para a creche e eu liguei pros Bombeiros, que falaram que já tinham sido acionados e estavam vindo para cá. 7h eu liguei e ela só sabia gritar, falando que o Nicolas estava sem vida porque ele não estava mais respondendo. Eu tentava acalmar e logo depois a ligação caiu e eu não consegui mais contato. Ela falava que estava com muito peso, com muita dor no corpo e que estava muito machucada. Ela também falava que não sabia por quanto tempo iria suportar, o cheiro do gás estava muito forte", relatou Patrícia Cristina, amiga de Raiane.
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Um dos avôs de Nicolas e ex-sogro de Raiane contou que perdeu o filho (pai do pequeno) há 7 meses e que ficou sabendo do acidente pela TV. "Perdi meu filho há 7 meses, eles namoravam e se separaram. Eu vi a notícia mas não imaginava que fosse isso tudo. É uma coisa triste, mas não consigo chegar perto da família porque eu só conhecia a Raiane. A última vez que eu vi meu neto tem uns três meses. A esperança é que ele saia de lá com vida assim como a mãe", disse Márcio Lopes. 
Segundo o Corpo de Bombeiros, 45 militares trabalharam durante o resgate, avaliando as condições das vítimas e do terreno. "Temos acesso às vítimas e estamos trabalhando para garantir a vida de todos. O local é instável e há risco de novos desabamentos. A gente trabalha sempre com a hipótese de vida. Estamos ouvindo alguns ruídos e estamos liberando oxigênio para liberar um pouco do gás que está circulando pelo local", afirmou o Comandante do Grupamento de Busca e Salvamento, tenente-coronel Rodrigo Bastos. 
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A Polícia Civil foi acionada e está no local realizando a perícia com o auxílio de um drone.
Tragédia na Muzema
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Dois prédios da comunidade da Muzema, no Itanhangá, na Zona Oeste do Rio, desabaram no dia 12 de abril e causaram a morte de 24 pessoas, além de diversas outras feridas. Os imóveis, localizados no Condomínio Figueira do Itanhangá, eram irregulares segundo a prefeitura. Desde o desabamento, outros cinco prédios foram demolidos por conta de riscos na estrutura.