A decoração lúdica encanta os pequenos pacientes, que também têm oportunidade de estudar na unidade - fotos de Cléber Mendes
A decoração lúdica encanta os pequenos pacientes, que também têm oportunidade de estudar na unidadefotos de Cléber Mendes
Por Thuany Dossares

O que importa para você? Todos os dias, essa pergunta é respondida pelas equipes do Hospital Estadual da Criança, em Vila Valqueire. Da decoração lúdica até a humanização do atendimento, os pequenos pacientes recebem doses extras de carinho e compaixão, remédios importantes no tratamento das crianças internadas na unidade. O hospital não conta com emergência, mas atende desde recém-nascidos até adolescentes com 19 anos, nas especialidades de onco-hematologia, neuroneonatal, transplantes renal e hepático, além de cirurgia geral e ortopedia.

"A gente tem alguns diferenciais, e o projeto 'O que importa para você?' é um deles. Ele surgiu fora do país e existe em alguns hospitais no mundo. Assim que a criança chega, a gente já faz essa pergunta, que é muito simples. O que poderia melhorar o seu dia? O dia do desejo é feito semanalmente", explica o diretor-médico do hospital, Jason Guida: "A gente se esforça para sempre atender esse desejo. Às vezes, são desejos muito simples, brinquedos ou algum alimento. Mas para os desejos alimentares, a gente precisa da avaliação clínica e da autorização da nutricionista".

Há quase dois meses internada no quarto 501, por conta de uma cirurgia de transplante de fígado, a pequena Sofia, de apenas 4 anos, é enfática ao responder seu principal pedido às equipes: "Sorvete". Além dos pequenos mimos, ela também comemora a realização de seu maior desejo.

"O sonho da Sofia sempre foi estudar, ir à escola, mas ela não tinha como ir por conta da doença. Ela tinha professores e colegas imaginários, guardava o lanche dela dizendo que era para merenda, e, quando eu recebi a notícia de que ela iria fazer o transplante, eu falei que, agora, ela poderia ir à escola. Quando chegou aqui, tivemos acesso à pedagoga. Ela passou a ensinar as letras, passar trabalhinhos como deveres de casa. Isso fez uma diferença, deu uma felicidade, mudou o quadro dela. Eu não sei explicar porque é muito emocionante, eu vi o sonho da minha filha ser realizado dentro do hospital. Me doía muito ver ela falar para mim que queria ir para a escola, que a professora tinha falado alguma coisa, mas não existia professora. Hoje, existe, e isso foi proporcionado aqui", contou a mãe da menina, Melania Penedo, muito emocionada.

Por ser um hospital especializado e não ter emergência pediátrica, os pacientes têm que passar pelo sistema estadual de regulação para receberem o atendimento na unidade infantil. O diretor-médico do Hospital da Criança esclareceu que as filas seguem de acordo com a prioridade e urgência no tratamento do paciente e garantiu que a fila de espera não passa do período de um ano.

"Os pacientes recebem atendimentos em emergências, UPAs ou clínicas da família. Essas unidades inscrevem a criança ou o adolescente na central de regulação e é feito um encaminhamento para a gente. Ela é avaliada pela nossa equipe para saber se há necessidade de cirurgia ou se ela pode retornar para dar continuidade ao tratamento em outro local. A gente tem consulta ambulatorial, mas só para crianças que fazem o acompanhamento aqui conosco. Nosso hospital tem objetivo cirúrgico ou clínico oncológico, se não entra nessas duas categorias, ela é encaminhada com alguma contra referência para uma unidade", esclarece.

Embora seja um projeto do governo estadual, a licitação administrativa do Hospital da Criança pertence à Rede D'or.

 

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