Houve apreensão de armas e foram cumpridos mandados de prisão contra sete traficantes na Serrinha - Divulgação/ MPRJ
Houve apreensão de armas e foram cumpridos mandados de prisão contra sete traficantes na SerrinhaDivulgação/ MPRJ
Por O Dia
Rio - Três operações no Estado do Rio tentam desarticular organizações criminosas do Rio. Elas miram policiais militares do Batalhão de Rocha Miranda, traficantes do Morro da Serrinha e laranjas, denunciados por lavar dinheiro da facção criminosa Comando Vermelho. As ações do Rio fazem parte de uma ação nacional, que acontece em outros oito estados, com um total de 300 mandados e 90 pessoas presas até o início da tarde.
As operações são do Ministério Público do Rio em parceria com a Corregedoria da Policia Militar e a Polícia Federal. 
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Até o início da tarde, foram presas 5 pessoas, quatro delas com mandados de prisão, um deles cumprido em Pernambuco. Um homem foi preso em flagrante pela Polícia nas comunidades da Serrinha, com uma arma. Ainda não foram divulgadas as identificações dos presos. 
Operação Sertão Carioca: PMs na mira
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Nove policiais militares do 9º BPM (Rocha Miranda) foram denunciados, dentre eles, sete oficiais, por colaborarem com traficantes. Todos foram afastados da função pela Justiça. A Operação Sertão Carioca também cumpre 41 mandados de busca e apreensão em casas e armários de PMs. Oito agentes foram denunciados por associação criminosa e crime de corrupção passiva e o nono militar foi denunciado por associação para o tráfico de drogas. A investigação prosseguirá em relação aos demais policiais.
Segundo o Ministério Público do Rio, os policiais recebiam propina de traficantes para que não impedissem a atuação do tráfico de drogas, informavam sobre movimentação policial e operações futuras e negociavam materiais apreendidos.
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O Ministério Público aponta prejuízo à Segurança Pública da área de atribuição do Batalhão e dano à reputação do policial militar na denúncia. Entre os principais responsáveis pelo funcionamento da organização criminosa estão os policiais Flávio Fagundes Padiglione, a tenente Adriana da Silva Góes Vista e o major Rodrigo Lavandeira Pereira. O policial Militar Padiglione também vai responder por associação para o tráfico.
A prisão dos denunciados foi negada pela Auditoria da Justiça Militar, mas os agentes foram afastados de suas funções.
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Traficantes denunciados
A segunda operação cumpriu mandados de prisão contra sete traficantes no Morro da Serrinha, no Complexo de Madureira. Foi a partir desta investigação, que o Ministério Público chegou à associação do 9º BPM com o tráfico na região. 
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Em relação aos traficantes, o MPRJ e a Polícia Federal identificaram uma organização criminosa formada para traficar drogas nas Comunidades da Serrinha, Fazendinha, São José da Pedra e Patotinha. Eles integram a facção Terceiro Comando Puro (TCP). A investigação identificou a comercialização de grande quantidade de drogas e de armas, disputas por poder territorial e corrupção de policiais para garantir o funcionamento das “bocas de fumo”, sempre em troca de grandes quantias de dinheiro.

Foram captados diálogos sobre homicídios contra indivíduos que atrapalhavam as atividades da quadrilha.
Wallace Brito Trindade, o Lacosta, chefia o Terceiro Comando Puro, TCP, no Complexo da Serrinha, em Madureira, Zona Norte do Rio - Divulgação/ Portal dos Procurados
Entre os denunciados está Wallace de Britto Trindade, o Lacoste, chefe da facção criminosa e que coordenava toda a atividade criminosa do grupo. Leonardo da Costa, o Leo 22, era o braço direito dele.

A denúncia foi recebida pelo Juízo da 2ª Vara Criminal de Madureira, que também decretou a prisão preventiva dos denunciados.
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Operação Smurfing
A terceira ação cumpre seis mandados de prisão contra pessoas que atuavam como “laranjas” para ocultar o dinheiro ilícito do tráfico da facção Comando Vermelho. Eles emprestavam nomes e contas bancárias para ocultar o dinheiro ilícito.
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No total, os seis receberam 3.357 depósitos em dinheiro em um ano e 11 meses. O valor das movimentações no período supera R$ 1 milhão. De acordo com o Grupos de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco),  a origem difusa dos depósitos, que vieram de dezenas de municípios do Rio - demonstra que a ocultação do dinheiro beneficiava toda a organização e não pessoas específicas.
Durante a investigação, o MPRJ obteve na Justiça a quebra de sigilos bancário e fiscal dos denunciados. A ocultação do dinheiro do Comando Vermelho ocorria por meio do recebimento de depósitos de pequenos valores em suas contas, com a finalidade de ludibriar o controle administrativo (prática de lavagem de dinheiro conhecida como “Smurfing").
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Em seguida, os denunciados realizavam saques dos valores recebidos ou transferências para pessoas ligadas ao CV.  
Nesta quinta-feira, são cumpridos mandados de prisão e busca e apreensão nas cidades do Rio de Janeiro, Niterói, Nova Iguaçu, Cabo Frio, Três Rios e Petrolina/PE, o que demonstra o caráter nacional da facção criminosa.

Todos foram denunciados por associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. O processo tramita perante a 2ª Vara Criminal da comarca de Valença.