Padre Geovane: oração em tom imperativo, mas esperançoso - fotos de Luciano Belford
Padre Geovane: oração em tom imperativo, mas esperançosofotos de Luciano Belford
Por GUSTAVO RIBEIRO
Rio - O tom de voz é daqueles suaves e esperançosos, que trazem paz ao coração. Mas, ao mesmo tempo, cheio de firmeza e com timbre imperativo. Assim, admirado por fiéis que lotam a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Glória, no Largo do Machado, padre Geovane Ferreira Silva, de 41 anos, reza a oração de exorcismo: "Eu te esconjuro, todo e qualquer espírito imundo, todo e qualquer poder das trevas, todo ataque do adversário infernal", diz ele, num trecho.
Toda segunda quarta-feira do mês, depois da missa das 20h, em homenagem a São Miguel Arcanjo, o chamado ritual de "exorcismo menor" atrai centenas de fiéis em busca de cura e libertação. A cerimônia adentra a madrugada e gera curiosidade de quem já ouviu histórias típicas de Sexta-Feira 13.
Publicidade
"A missa é muito bonita. No ritual do exorcismo, uma moça do meu lado desmaiou, então eu não consegui me concentrar muito. Vale a pena. É muito diferente", relatou o advogado Daniel Chedier, 27 anos, que foi pela primeira vez anteontem. "Fico com o coração palpitando e uma sensação de paz e tranquilidade muito forte. Tem pessoas que repousam no momento do exorcismo. Já vi pessoas falando em línguas e fiquei impressionada", contou a advogada Patrícia Elael, 25, que já frequentava.
Igreja de Nossa Senhora da Glória fica lotada nas missas do padre Geovane - Luciano Belford/Agência O Dia
Publicidade
A missa é quase toda cantada e repleta de mensagens motivadoras. Os fiéis que não conseguem lugar para sentar assistem de pé nas laterais e nos fundos do templo, construído em 1872. No fim da celebração, o padre explica que o ritual que será realizado não é o "exorcismo solene", que, segundo ele, ocorre de maneira privada e agendada, para pessoas que passam por situações graves de possessão demoníaca.
"Aqui nós fazemos as orações do exorcismo de São Miguel e os outros exorcismos menores, permitidos pela igreja, pedindo que aquelas pessoas que estão vivendo uma ação ordinária do demônio sejam livres. Ou pedindo a cura, a libertação e a transformação", ressalta. "A ação ordinária do demônio está presente na vida de todas as pessoas. É o que chamamos opressão. O que necessita de exorcismo solene é a ação extraordinária do mal".
Publicidade
Depois de 20 minutos de orações e cânticos a São Miguel, o pároco convida todos a participarem de uma imposição de mãos com breve oração individual em local mais reservado do templo. É nessa hora que manifestações sobrenaturais costumam ocorrer.
Fiéis acreditam em poderes especiais
Publicidade
Os fiéis acreditam que o padre Geovane, exorcista autorizado pela Igreja Católica no Rio, teria poderes especiais. A maioria leva objetos para serem abençoados, como fotografias, carteiras de trabalho, chaves e terços. "Fui diagnosticado com câncer no intestino e, depois, uma biópsia deu inconclusiva seis vezes. Eu já participava da missa de São Miguel", contou o estudante de Teologia André Fernandes, 41. Segundo ele, São Miguel é conhecido, com sua espada, como defensor pela igreja.
 
André Fernandes atribui possível cura de câncer no intestino à missa de São Miguel Arcanjo - Luciano Belford/Agência O Dia
Publicidade
"Ocorreu um ataque violento de gaviões na igreja e o padre conseguiu afastá-los com tranquilidade. Alguma coisa de bom ele consegue", destacou Regina Coeli. "Na primeira vez que vim, estava me sentindo carregada, com muita dor de cabeça. O mal-estar passou", disse a arquiteta Simoni Magalhães, 58. Padre Geovane está desde 2015 na Matriz de Nossa Senhora da Glória.
A técnica de enfermagem Ana Clara das Chagas, 26, conheceu a missa na última quarta-feira e saiu emocionada. "Foi uma experiência muito boa. Eu saí da igreja mais leve e com meu coração repleto de amor para doar", comentou.
Publicidade
Simoni Magalhães chegou se sentindo 'carregada' e sentiu melhora em mal-estar - Luciano Belford/Agência O Dia
Os mistérios da Sexta-Feira 13
Publicidade
Diversas possibilidades relacionam a Sexta-Feira 13 a um dia de azar, infortúnios e assombrações. Há quem creia que as superstições em torno da data surgiram porque, antes de ser crucificado, em uma sexta-feira, Jesus Cristo celebrou a Última Ceia com um total de 13 participantes. Outra explicação para a data remonta à consolidação do poder monárquico na França: o rei Felipe IV teria ordenado a perseguição à ordem religiosa dos Cavaleiros Templários na sexta-feira, 13 de outubro de 1307.
Diante de tantas outras teorias, quando ocorre uma Sexta-Feira 13, os supersticiosos evitam passar debaixo de escadas, quebrar espelhos e outras crendices que podem trazer mau agouro. Mas existe uma crença entre bruxas de que o "dia do azar", na verdade, seria uma ocasião mágica para a realização de desejos.