Moradores de prédio vizinho ao Hospital Badim relatam desespero de funcionários e vítimas de incêndio
Algumas pessoas contaram que há cerca de um ano sentem cheiro de querosene nas redondezas
Por Thuany Dossares
Rio - Apagadas as chamas do Hospital Badim, na Tijuca, na Zona Norte do Rio, a cena vista por moradores do prédio ao lado da unidade de saúde ainda chocam. Na manhã desta sexta-feira, 12 horas após o incêndio na unidade de saúde, as marcas que ficaram foram vidros quebrados, cordas feitas por lençóis e paredes queimadas. Toalhas com fuligens, que parecem ter sido molhadas para colocar no rosto e auxiliar a respiração, também ainda estavam penduradas na janela.
O início do incêndio foi acompanhado pelos moradores que têm como vista alguns leitos do hospital. A aposentada Terezinha de Jesus, de 76 anos, contou que estava no banho no momento que tudo começou e que a imagem das pessoas buscando socorro ainda não saiu da cabeça.
“Primeiro me assustei com funcionários e acompanhantes quebrando os vidros, depois elas começaram a gritar, pediam socorro. Foi uma gritaria, uma correria, uma cena desesperadora. Eu não vi fogo, só via muita fumaça”, descreveu a aposentada.
Nesta manhã, o cheiro de fumaça ainda é marcante no entorno da unidade de saúde. Os moradores do edifício, que fica bem colado ao hospital, contaram que há cerca de um ano sentem cheiro de querosene.
“Moro aqui desde 1998, desde antes da construção do hospital. De um ano pra cá, tenho sentido cheiro de querosene, vindo da chaminé. Eles só querem crescer, fazem obras atrás de obras. Não digo que esperava uma tragédia, mas imaginava que algo pudesse acontecer”, contou a professora Mônica Fernandes de Almeida, de 54 anos.
Moradora de casa vizinha dormiu fora por medo
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A moradora de uma casa próxima à escada de emergência do hospital, que não quis se identificar, disse que deixou a residência por medo na noite de quinta-feira. Ela disse que acompanhar o incêndio foi desesperador. "Eu estava em casa quando tudo começou, por volta de 18h30 a fumaça começou a se espalhar e ficar muito forte. Tinha muito médico, muita gente saindo pela escada de emergência". Com medo, ela decidiu dormir na casa de uma amiga. "A fumaça começou a entrar aqui em casa e precisei dormir fora. Peguei minhas coisas, meus cachorros. Não ia ter condição de ficar em casa, tinha muita fumaça, e eu não sabia até onde o fogo ia chegar, então fui embora, não quis arriscar", lembra.