Vítimas de incêndio no Hospital Badim são enterradas
Parentes se despediram de Luzia de Santos Melo, Darcy da Rocha Dias, Irene Freitas de Brito, Virgílio Claudino da Silva, Maria Alice Teixeira da Costa, Marlene Menezes Fraga e José Andrade neste sábado
Por Marina Cardoso
Rio - Os corpos de seis vítimas do incêndio no Hospital Badim, na Tijuca, Zona Norte do Rio, foram enterrados neste sábado. Luzia de Santos Mello, de 88 anos, foi sepultada às 10h, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, na Zona Norte. Durante o velório, amigos e familiares fizeram orações e cantaram músicas religiosas.
De acordo com o filho de Luzia, Emanuel de Santos Mello, de 61 anos, a mãe e os outros pacientes idosos foram deixados para trás. "Não era para a minha mãe morrer daquela forma. Eu estava com ela, com ela viva, mas fui obrigado a sair de lá, e quando a vi de novo estava morta. Volto a dizer que ela foi assassinada. Foi abandonada lá, assim como os outros idosos, não deram prioridade para eles. Eles foram deixados lá para morrer. Primeiro foi começado pelo hospital e finalizado pelos bombeiros", afirmou Emanuel, aos prantos.
Paulo Cesar Ferraz, de 70, genro de Luzia, disse que o sentimento é de "consternação". "Ele (Emanuel, filho de Luzia) me falou que houve certa negligência", afirmou. "Não existe outra palavra, é muito trágico. Era pra sair saudável, mas saiu dentro de um saco. Me solidarizo também com as outras vitimas. É um sentimento muito triste para todas essas famílias", completou Paulo Cesar.
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Darcy da Rocha Dias, de 88, foi enterrada às 10h, no Cemitério de Inhaúma, também na Zona Norte.
Marlene Menezes Fraga, de 85; Virgílio Claudino da Silva, de 66; e Irene Freitas de Brito, de 84, foram sepultados às 11h, no Cemitério do Catumbi, na região central.
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Daniel de Freitas Brito, de 48, filho de Irene, contou que soube do incêndio pela televisão. "Dói muito. É muito triste, uma tragédia. Ela entrou lá com uma desidratação e estava internada no CTI há 18 dias. Ninguém imaginava que isso poderia acontecer. Fui informado pela televisão. Acho que o hospital não tinha nem estrutura para informar (sobre o incêndio) a cada parente de paciente. A situação ficou muito difícil", lamentou.
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Dafne Fraga, de 40, neta de Marlene Menezes Fraga, ressaltou que tanto o corpo de funcionários do hospital quanto o Corpo de Bombeiros foram muito prestativos. "A gente soube pela televisão e correu para lá. Eu, minha irmã e minha prima nos dividimos entre o Hospital Badim e o Quinta D'Or. As informações estavam muito desencontradas mas lá no Badim todos os funcionários estavam correndo atrás de ajudar. Em nenhum momento houve negligência do corpo de funcionários. Todos estavam muito envolvidos, tanto que tem funcionário internado. A minha prima é da área médica e foi para lá pra ajudar", afirmou.
"Eu sei que no Rio de Janeiro falta uma estrutura, até dos próprios estabelecimentos, de terem medidas de segurança melhores. Mas os bombeiros estavam dando a vida mesmo para resgatar as pessoas. Lógico que lá no hospital a cena estava de horror", completou Dafne, que também contou que a avó receberia alta do CTI no dia do incêndio.
Ela também afirmou que o hospital ofereceu apoio aos familiares. "O hospital ofereceu todo apoio lá no IML, pagando todos os custos, oferecendo todo suporte, o que alivia muito para a gente da família neste momento", disse.
"É muito complicado porque, por mais que ela fosse idosa, a questão do falecimento dessa forma em uma tragédia, em um incêndio... A forma como ela ficou... Não teve fogo lá dentro, mas o calor da fumaça e a forma que ela ficou é muito impactante. É uma tragédia. Então ficam duas dores, a dor da tragédia da forma que foi e a dor da perda. A gente está muito abalado, principalmente eu, minha prima e minha irmã que estivemos em contato com tudo que estava acontecendo. Todas as famílias estavam muito desesperadas. Muitas pessoas ali ainda esperavam ver seus parentes em casa de volta. Por mais que fossem idosos a gente esperava ficar no convívio deles", finalizou.
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Os irmãos de Virgílio Claudino da Silva, que estava internado por conta de um AVC, cantaram o hino dos paraquedistas em homenagem a ele. "O problema todo foi em função do desleixo da entidade e das próprias circunstâncias dos bombeiros, que retiraram os pacientes naquela loucura. Ele vivia por conta desses aparelhos", disse Ivanildo Claudino, irmão da vítima.