Rio - A diminuição das mortes em confrontos com policiais deixa de ser contabilizada para o Sistema Integrado de Metas (SIM), que desde 2009 estabelece um prêmio em dinheiro para os agentes dos batalhões que conseguem reduzir determinados índices. A mudança, já válida para este semestre, foi publicada em decreto do Diário Oficial, ontem, em um contexto em que as mortes em confrontos com agentes batem recordes históricos: entre janeiro e agosto, 1.249 pessoas foram mortas por intervenção policial, de acordo com Instituto de Segurança Pública (ISP).
O número de mortes em confrontos foi incluído no SIM em 2011 e teve efeitos imediatos: desde que a série histórica começou a ser registrada pelo ISP, em 2003, o ano de 2011 apresentou o menor número, com 523 casos (menos da metade do registrado nos oito primeiros meses deste ano).
O atraso nos pagamentos das metas, que teve início em 2015, com a crise financeira estadual, também refletiu nesse índice, que estava em tímida ascensão: foram registradas 645 mortes em confrontos no primeiro ano em que as metas não foram pagas e, desde então, o crescimento foi exponencial. Atualmente, o governo ainda não pagou o segundo semestre do ano passado.
Cargas
Outra mudança realizada pelo decreto é a prioridade ao combate de roubos de cargas, índice criminal que apresenta queda atualmente. O presidente do SindCargas, Donizetti Pereira, aprovou a medida. "Essa notícia foi muito bem recebida. Essa é uma batalha que o sindicato vem pedindo desde o governo passado", afirmou.
Procurado, o governo do estado enviou uma nota de esclarecimento: "Atualmente, no país, 11 estados da federação trabalham com sistema de metas, dos quais agora apenas dois (São Paulo e Pernambuco) continuam computando as mortes por intervenção de agentes do Estado em suas metas", informa o texto. De acordo com a nota, as mudanças não alteram "o registro das mortes por intervenção de agentes públicos, que continuarão sendo divulgadas pelo Instituto de Segurança Pública, assim como o indicador letalidade violenta".
Especialistas analisam a mudança