Miliciano foi preso na manhã desta sexta - fotos de Divulgação / Polícia Civil
Miliciano foi preso na manhã desta sextafotos de Divulgação / Polícia Civil
Por RAI AQUINO
Rio - A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) prendeu, no início da manhã desta sexta-feira, o homem apontado como o líder da milícia que atua no Recreio dos Bandeirantes. Marcos Vinicius Gomes Dias, conhecido como Panelada, controla as regiões de Beira Rio, Novo Rio e Terreirão, todas no bairro da Zona Oeste do Rio. Ele foi capturado quando deixava sua casa, em um condomínio de luxo, na Barra da Tijuca.
O titular da Draco, o delegado Gabriel Ferrando, disse que seus agentes estavam há cerca de 20 horas monitorando a casa do miliciano para prendê-lo. O mandado de prisão e de busca e apreensão contra ele foi pedido no plantão judiciário da última noite. Assim que saiu, os policiais foram cumpri-lo.
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"O que chamou a atenção durante a investigação é que apuramos que ele atuava de forma velada. Ele sempre deixava sua casa às 4h e voltava só depois das 18h, já que antes das 6h não poderíamos entrar na residência dele", o delegado destaca.
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Ferrando conta que Panelada tinha uma série de outros "protocolos" para não ser descoberto. O miliciano costumeiramente dava várias voltas no quarteirão de seu condomínio, chegava em casa em carro com o vidro muito escuro, de boné, entre outras artimanhas.
"Tudo para dificultar nosso trabalho. Tanto que a gente não tinha certeza de que ele estava em casa, quando chegamos lá. A gente foi para prendê-lo, mas teve muita dificuldade", Ferrando acrescenta.
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Na casa do miliciano, os policiais apreenderam uma grande quantidade de dinheiro em espécie, um relógio da marca Rolex, radiotransmissores, além de uma identidade funcional de perito da justiça, que será periciada. Nenhuma arma ou outro material de segurança foi encontrado no local.
"Esse tipo de criminoso evita ser pego em flagrante por porte de arma, ai não tem arma em casa. As armas ficam nas casas de comparsas para evitar a prisão e quando precisam pegam", o delegado conta.
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Galeria de Fotos

Marcos Vinicius Gomes Dias foi encontrado em um imóvel de luxo na Barra Divulgação / Polícia Civil
Miliciano foi preso na manhã desta sexta Divulgação / Polícia Civil
Material encontrado com eles Divulgação / Polícia Civil
Marcos Vinicius Gomes Dias estava em imóvel da Barra Divulgação / Polícia Civil
ALIADOS DO RIO DAS PEDRAS
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Panelada já morou na Península, também na Barra, outro endereço de luxo do bairro, e se mudou para a atual residência há poucos meses. O miliciano colocava os imóveis e os demais bens que adquiria no nome de terceiros para não levantar suspeitas.
A quadrilha que comanda é muito próxima da milícia que age no Rio das Pedras, também na Zona Oeste. O bando é extremamente violento, torturando opositores e suspeitos de praticar crimes nas áreas onde atua.
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Em um dos casos de extrema violência, três rapazes que roubaram um celular na região foram torturados e espancados com uma ripa de madeira. Já uma jovem que não pagou pela compra de um tênis teria apanhado por 20 minutos.
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A quadrilha cobra taxas mensais de até R$ 100 de comerciantes e semanais de R$ 15 a moradores e R$ 30 a mototaxistas. Mas a maior arrecadação da quadrilha vem da exploração de TV a cabo clandestina.
Eles também cobram valores para que moradores façam obras em suas casas. Quem construísse uma nova laje, por exemplo, deveria pagar R$ 1 mil aos bandidos.
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"A prisão do Panelada foi fundamental. Com base na prisão dele, diversas informações passam a chegar, o Disque Denuncia bomba, ai vem muita informação", Ferrando reforça. "Agora vamos investigar o patrimônio dele e de seus comparsas".
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ASCENSÃO AO PODER
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Panelada assumiu o controle da milícia do Recreio após a morte do presidente da Associação de Moradores da Favela Novo Rio, Anderson Crisóstomo Sanches dos Santos. Na ocasião, ele uniu a milícia de lá com a da Beira Rio, formando uma só.
O miliciano também é investigado pela morte de Anderson e já foi preso em fevereiro de 2008, quando havia contra ele um mandado de prisão por homicídio, extorsão e formação de quadrilha. Ele estava foragido da Justiça já que foi condenado a nove anos por vários crimes.