Carlos Roberto dos Santos respirava com ajuda de aparelhos no Hospital Souza Aguiar - Arquivo Pessoal
Carlos Roberto dos Santos respirava com ajuda de aparelhos no Hospital Souza AguiarArquivo Pessoal
Por RAI AQUINO
Rio - A família de Carlos Roberto dos Santos, de 75 anos, está inconformada com a violência à qual o idoso foi submetido no último dia 20. De acordo com eles, naquela sexta-feira, o idoso foi brutalmente agredido por cerca de quatro moradores de rua em uma passagem subterrânea do Túnel Santa Bárbara, no Catumbi, região central do Rio. Desde então, ele está internado no Hospital Municipal Souza Aguiar.
A diarista Leila Magna dos Santos, de 54 anos, filha do idoso, está indignada com as agressões ao pai. Ela conta que ele teve uma costela e um dos dos fêmures quebrados, o pulmão perfurado, foi esfaqueado na mão e ainda teve a cabeça bastante machucada.
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"Ele tinha acabado de sair da passagem subterrânea, quando escutou alguém lhe chamando e voltou para saber o que era. Foi quando levou uma pancada grande na cabeça e foi agredido", a diarista conta, dizendo que os agressores tentaram assaltar o pai. "Enfiaram a mão no bolso dele, puxaram a sandália".
Idoso teve um fêmur fraturado - Arquivo Pessoal
Morador do Morro da Coroa, que fica perto de onde foi agredido, Seu Carlos conhece bem a região e naquele dia tinha ido ao enterro de um amigo, no Cemitério do Catumbi. Como costumava fazer, foi andando e voltaria do mesmo jeito. Segundo a família, ele saiu de casa no início da tarde e só foram ter notícias dele no dia seguinte.
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"Ele não apareceu em casa logo, mas não nos preocupamos porque ele costuma andar pelo morro para conversar com um, com outro. Ele é muito conhecido no Catumbi. A família dele é do São Carlos", Leila conta. "Mas no sábado, quando acordei, meu filho disse que tinha recebido uma foto dele caído no chão em um grupo do WhatsApp".
A diarista diz que ficou sabendo que o pai havia sido socorrido pelo Corpo de Bombeiros no Souza Aguiar e foi até lá. Segundo ela, ele deu entrada na unidade no início da madrugada de sábado e se mantém consciente desde então. Até hoje, no entanto, aguarda por cirurgia no hospital.
Passarela onde o idoso foi agredido - Reprodução / Google Street View
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Sobre os moradores da passagem subterrânea, Leila diz que eles são conhecidos por serem violentos.
"Depois de 22h ninguém passa ali porque tem medo. Mas o meu pai, como é antigo aqui, não tem medo. Acha que não vai acontecer nada com ele", observa. "Pensaram que ele estava com dinheiro. Só que não tinha nada. Meu pai quando sai de casa não leva nada... nem usa celular, nem documento. Ele mal tem carteira".
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Como se não bastasse o sofrimento com o pai agredido, Leila avisa que acabou não fazendo um registro de ocorrência policial. Ela conta que ao ir à 6ª DP (Cidade Nova), no sábado, acabou desistindo depois que os policiais dizerem que não o caso não levaria a nada, porque se fizesse o registro, os agressores iriam alegar outra versão.
Procurada pelo DIA, a Secretária Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos afirmou que desenvolve programas e ações junto às pessoas em situação de rua em todos os bairros da cidade, com abordagens feitas por educadores e assistentes sociais, realizadas de acordo com a agenda do dia.
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"Entre os locais dos roteiros diários está o Túnel Santa Bárbara e proximidades. Vale ressaltar que as pessoas em situação de rua formam um grupo social itinerante. Casos de violência devem ser reportados aos órgãos competentes, ligados à segurança pública", a pasta disse, em nota.
Sobre o estado de saúde do Seu Carlos no Souza Aguiar e a demora para que ela seja operado, a Secretaria Municipal de Saúde limitou-se a diz que o quadro de saúde dele é "estável, aguardando cirurgia".
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Atualização: após a publicação da reportagem, Leila foi chamada para abrir a ocorrência na 6ª DP.