Prisões foram efetuadas a partir de informações contidas em caderno apreendido pela polícia em 2017 - Divulgação / Polícia Civil
Prisões foram efetuadas a partir de informações contidas em caderno apreendido pela polícia em 2017Divulgação / Polícia Civil
Por Bruna Fantti

Rio - O dinheiro dos lucros dos roubos de cargas abasteciam desde traficantes dos Complexos do Chapadão e Pedreira, a policiais corruptos e lideranças do tráfico que estavam dentro da prisão. Foi o que confirmou investigação da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas com auxílio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público Estadual, que levou para a cadeia onze pessoas ontem, entre elas um policial militar. 

O caderno foi apreendido por policiais militares, em março de 2017, durante uma operação. As anotações foram entregues à Polícia Civil e continham detalhes de como funcionava o esquema. "Todo cigarro metade é do sobrinho". "Plantão do arrego: pagar R$ 2 mil para o PM". "Pode pegar fuzil e atravessar para Nova Holanda. FB e Bacalhau autorizou" (sic). Essas são frases que constam anotadas à caneta no caderno apreendido. Sobrinho é Jonathan Ferreira dos Santos; FB, Fernando Atanásio; e Bacalhau, Luiz Fernando do Nascimento Peireira. Todos são lideranças do Comando Vermelho, que já se encontravam presos. "Tivemos a certeza de o roubo de cargas servia para financiar a compra de armas e drogas. Além disso, a comprovação de que até 50% do que tinha sido roubado tinha que ficar com traficantes de drogas, inclusive com remessas de dinheiro para traficantes presos", afirmou o promotor Bruno Gangoni, do Gaeco. 

Dentre os presos ontem, além dos executores dos roubos, estava o PM Marcos Rabello Crescêncio. De acordo com as investigações, ele faz a coordenação do grupo receptador dos produtos roubados. Donos de comércios também foram identificados. "É uma investigação longa que identificou dois grupos: um que roubava na área da Pavuna e Costa Barros e outro que comprava esses produtos", conta Vinícius Miranda, delegado assistente da DRFC. "Nesse inquérito, verificamos quem estava executando os roubos e quem eram os receptadores. Entre os receptadores, temos comerciantes e donos de depósitos", completou. 

Todo a quadrilha agia na região da Pavuna, Costa Barros, Barros Filho, Jardim América e adjacências. Eles também foram acusados de tráfico de drogas, comércio ilegal de arma de fogo, receptação, falsificação de bebidas, dentre outros crimes. Em Caxias, foi descoberto um depósito que fornecia essas bebidas. 

"A operação foi essencial, mostra nosso combate incessante ao roubo de carga e os receptadores. Conseguimos identificar para quem eles passavam a carga, quem eram os chefes dessa quadrilha. Mesmo presos, eles conseguiam fomentar e coordenar os crimes. Por conta disso, continuam sendo uma ameaça, cometendo crimes", detalhou Miranda.

 

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