Estação abandonada: entre as melhorias a serem feitas no BRT Transoeste, estão a reativação de 22 estações da Avenida Cesário de Melo, na Zona Oeste, e o conserto de 90 ônibus - Reginaldo Pimenta
Estação abandonada: entre as melhorias a serem feitas no BRT Transoeste, estão a reativação de 22 estações da Avenida Cesário de Melo, na Zona Oeste, e o conserto de 90 ônibusReginaldo Pimenta
Por Anderson Justino

Rio - À espera de um milagre. O título do filme americano retrata o drama vivido pela população dos bairros Campo Grande, Cosmos, Paciência e Santa Cruz, que aguarda pelo retorno dos ônibus do BRT. Passados pouco mais de dois meses do fim da intervenção no sistema, até agora os empresários de ônibus ainda não cumpriram as exigências deixadas pelo interventor Luiz Alfredo Salomão. Ao longo das 22 estações da Avenida Cesário de Melo, o cenário é desolador. E, até o prazo final, restam só mais 25 dias para que elas estejam prontas para receber passageiros. Caso o acordo não seja cumprido nos próximos dias, a Prefeitura do Rio pode decretar nova intervenção.

Durante o processo em que Salomão ficou à frente, foram apontadas inúmeras irregularidades nas estações da Transoeste. Em uma delas, o interventor citou que as construções do BRT foram feitas sem que houvesse análise para medidas de segurança. "São mais de 200 favelas que estão ao longo das estações. Isso pode aumentar futuramente", disse à época.

No ano passado, o ex-secretário da Casa Civil Paulo Messina (PRTB) afirmou que cinco estações do BRT Transoeste, entre Cesarão 1 e Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, foram tomadas pelo tráfico. O abandono abriu espaço para a invasão de usuários de drogas e moradores. Depredação e roubos fazem parte das reclamações dos usuários do BRT.

"Sinto muito por ter que dizer isso, mas não acredito que se faça alguma obra nas estações, em menos de 30 dias. Se não fizeram nada nesses dois meses, não vão fazer nesse prazo ainda menor. A Zona Oeste está abandonada. As pessoas não têm opção de transporte. Antes de tudo isso, a gente conseguia ir com facilidade de Campo Grande até a Barra, mas agora o cenário é outro. Não temos muitas opções e levamos horas no trânsito", reclama o aposentado Sergio Luís, morador do bairro Paciência.

O anúncio de melhoria e o retorno das estações criaram esperança aos usuários do BRT. A aposentada Eremita da Silva, moradora do Cesarão, diz que a demanda em seu bairro é muito grande. "Se o BRT voltar, vai ser um milagre. O número de passageiros é enorme. As pessoas precisam muito desse transporte. Eu, por exemplo, tenho que pegar um ônibus até Santa Cruz e depois pego o BRT para chegar à Barra. Essas estações precisam retornar".

Para a universitária Lilian Martins, a volta do BRT precisa trazer benefícios para a região. "A gente mora em uma área carente de tudo. Vai ser muito bom poder pegar novamente o BRT, mas é preciso ter segurança nessas estações. Não adianta apenas colocar em funcionamento".

Passageiros também reclamam dos ônibus que deveriam substituir os veículos do BRT. "Eles falaram que teriam outros ônibus para ajudar na falta do BRT, mas a gente não está vendo nada disso aqui", completa a universitária.

Licitação de R$ 2 milhões

A Secretaria municipal de Infraestrutura e Habitação divulgou, ontem, no Diário Oficial, que fará contratação de uma empresa de engenharia que ficará responsável por elaborar o projeto para recuperação do corredor BRT Transoeste. A empresa ganhadora irá receber cerca de R$ 2 milhões da Prefeitura do Rio para o trabalho.
Publicidade
 
A administração do Consórcio Operacional BRT enviou nota dizendo que "o termo do acordo com o município foi um compromisso assumido, e, portanto, está sendo e será seguido".
Publicidade
 
Já a Secretaria municipal de Transportes afirma que está acompanhando o cumprimento das cláusulas acordadas e exigindo observância dos prazos. Segundo a secretaria, as estações da Cesário de Melo foram as que mais sofreram com a depredação em função de invasões. A secretaria destaca, ainda, que está sendo desenvolvido um cronograma para a reocupação dessas calhas e estações, dentro de um processo seguro e com a colaboração das instâncias de segurança e assistência social. Quanto à recolocação de ônibus, já foi apresentada uma lista de veículos em manutenção e dos irrecuperáveis, que deverão ser substituídos por novos.
Você pode gostar
Comentários